quinta-feira, abril 29, 2004

Os últimos serão os primeiros: finalmente
Lula se decepciona com o governo Lula


Hoje, com a frustração diante de um aumento de 20 reais no mínimo, após longas reuniões, repetidos adiamentos e a cara de angústia de Lula, parece que finalmente o próprio se decepcionou com o seu governo e se sente impotente diante das opções de política e equipe econômica que ele mesmo fez. Ser vaiado como foi esta semana, onde nasceu para a política, na sua base número 1, os metalúrgicos de São Bernardo, não é pouca coisa em termos psicológicos e de simbolismo. No aumento do salário mínimo, Lula deve sentir sua carreira e história política refém da sua equipe econômica e da conversão da conversão a direita que fez o PT após a eleição (como se não bastasse a que fez antes...). Infelizmente não acho que seja um sinal de mudança. Só dá um ar humano, de angústia, a tragicomédia da mesmice neoliberal que ao mesmo tempo raptou e foi raptada por este governo.
O "espírito da coisa" foi captado um pouco nesta charge de
Maurício Ricardo do site www.charges.com.br

http://charges.uol.com.br/vercharge.php?idcharge=1362&modo=som

segunda-feira, abril 26, 2004

CURTAS E DICAS DOS PAPELOTES - PARA O CONTEÚDO INTEGRAL DO BOLETIM ASSINE A MAILING MANDANDO UM EMÍLIO PARA
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- Frase moralista para consumo populista: “No Brasil é fácil fazer piadas. Difícil é não ser tratado como palhaço.”

- Body Count: Sobre a Guerra do Iraque, a maneira mais macabra de acompanhá-la é por esta página da CNN, que traz atualizações constates do número de soldados mortos, com nome e foto deles. É injusto que não exista algo assim para os iraquianos. O site me lembra uma frase (mas não seu autor), que diz que guerra é: “Pessoas que não se conhecem matando uns aos outros, em nome de pessoas que se conhecem e não se matam”.
http://www.cnn.com/SPECIALS/2003/iraq/forces/casualties/


- Retomando nos papelotes o gosto pela publicação de letras de música, retomo com “Mãos”, uma parceria rap samba genial entre Mano Brown e Almir Guineto. Grande música presente no CD ‘Todos os pagodes” de Almir Guineto. As partes em samba estão em itálico

Mãos

Um role de Vemax
Um gole de Lê Chandon
Mãos pobres querem ter o que é bom
Mãos nordestinas me ensinou
Que mãos para trás neguinho
Não senhor!
As mãos de Tyson, ódio nocaute
As mãos do mal
Também usam esmalte
Mãos que apontam,
Mãos que delatam
Toda mão tem, mãos tremulas matam
Mãos na cabeça, o mão branca armou
Algemas, prendem a mão do sonhador
Mãos negras, sinfonia funk
As mãos do rap não usam Mon Blanc
Palma da mão, palma, palma
Negro dança, sua e lava a alma
As mãos que se humilham ao céu
Serão as que erguerão troféus
Demorou já vou camba,
Porque o samba em boas mãos ta
Michelangelo vive bem perto
Em forma de samba ele é Almir Guineto

Mãos se rendem
Para outras que tudo levam
Quase em extinção
Mãos honestas, amorosas
Em nossas pobres mãos, batem as cordas

Pago pra ver, queimar em brasa,
Mãos de bacharéis
Que não condenam o mal
Que inocentam réis
em troca do vil metal

Em mão de infiéis
Revés que não condenam
Volver na diretriz
Tão fraudulentas
Sem réu e sem juiz
mãos não se acorrentam
Justiça põe as mãos
Na consciência
Ato que perfilado
Lavando tuas mãos
É o mesmo que justiça
Feita com as próprias
Mãos que fracassaram na Torre de babel
Porque desafiaram mãos do céu


- Com o número de desempregados que tem na cidade de São Paulo (dois milhões) e o número de armas de fogo que circulam na cidade (igualmente em torno de dois milhões) a cidade até que é muito tranqüila.

DICAS DE CINEMA

- De passagem – Estréia esta semana, na sexta-feira o filme “De Passagem”, o primeiro longa-metragem de Ricardo Elias. O filme tem uma abordagem da periferia que hoje é praticamente subversiva. Um olhar digno e compreensivo, não moralista, que com simplicidade sem ser simplista conta uma bela história desta cidade (São Paulo). Duas viagens, uma no passado, outra no presente, marcam a vida de três amigos.

- Adeus, Lênin! – O filme conta de maneira simples e interessante, através da história do filho que tem que esconder da mãe que o muro caiu, o veloz fim da Alemanha Oriental. O mais legal para mim é contar a “grande história do muro de Berlim” e do bloco soviético, que em geral se conhece, mas ao nível do chão, das pessoas, de coisas como a troca dos marcos orientais, o abandono dos imóveis, reencontros e fins.

- Dogville - Uma estranha porrada. Com temática semelhante à “Dançando no Escuro”, do mesmo Lars Von Trier. O final que aquele tinha de emocional, esta novo filme tem de intrigante. Sem soluções fáceis.

- Elefante – A diferença que faz o plano-seqüência....Um mundo sem sentido e por isso, talvez sem explicação. OS; O jornalista Nelson de Sá na sua coluna Toda Mídia, na Folha, aponta bem que a linguagem do filme, e mesmo a divisão narrativa entre personagens se deslocando em um imenso cenário, é inspirada em jogos como Counter Stryke.

- Sobre Meninos e Lobos – Grande cinemão, em grandes atuações, câmera, o melhor do cinema americano. Em uma história de problemas, tragédias e traumas além das soluções.

- Encontros e Desencontros - Há quem não goste deste filme. Há quem goste pelo “hype” (palavra horrível), pelo apelo moderninho. Mas eu me surpreendi achando que vai além, gostando mais do que imaginava que ia gostar, desta história tão bem construída sobre solidão, dificuldades de comunicação entre pessoas, entre culturas e em relacionamentos.

DICAS DE LEITURA

- Continuações da disputa/debate Zé Celso X Sílvio Santos no Bexiga: o encontro dos dois no oficina, mediado por Contardo calligaris e Eduardo Suplicy (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1904200414.htm). Coluna de Contardo Calligaris (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2204200420.htm)



- O economista Paulo Nogueira Batista Jr.n n agência Carta Maior, sobre as viagens de Palocci na ilha de Comandatuba.
http://agenciacartamaior.uol.com.br//agencia.asp?coluna=boletim&id=839



- Na mesma agência Carta Maior bom e didático artigo sobre orçamento, previdência e aumento do salário mínimo que explica de forma clara como a mídia distorce/ignora uma questão claramente definida na constituição sobre a função de certas contribuições que o governo arrecada e que são desviadas para pagamento de juros da dívida;
http://agenciacartamaior.uol.com.br//agencia.asp?coluna=boletim&id=837



- As segundas intenções das companhias de telefonia que estão formando um consórcio (ou chamando melhor, cartel) para comprar a Embratel e poder sobrecarregar a tarifa do consumidor final aumentando de propósito seus custos. A jogada é conhecida na empresa como “Projeto Carnaval”. A reportagem mostra, na prática, porque em tempos remotos o PT chamava a Embratel de “estratégica’”. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2504200402.htm


- Traduzida do Financial Times, no UOL, matéria sobre uma das iniciativas boas do governo Lula, o estímulo a adoção do software livre. Observe o custo que os governos das diferentes esferas gastam no Brasil em licença da Microsoft US$ 1 bilhão. Lógico que software livre não sai exatamente de graça, mas há muitas vantagens, inclusive por gerar um conhecimento público, não privado, e ainda assim ser economia de fato, que fazem esta medida ser muito positiva.
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/fintimes/ult579u1101.jhtm