Hoje de manhã soube da morte de Sérgio de Souza, editor da Caros Amigos, e ex-jornalista da mítica revista Realidade. Uma tristeza imensa dessas pessoas boas que vão embora. Tive a sorte de ter contatos profissionais com "Serjão", por conta de uma seção que fazia com vários amigos na Caros, a "República" sobre ensiono superior. Tive um contato mais longo por alguns dias, quando ajudei na edição do especial da revista sobre o Fórum Social Mundial de 2002.
Em um mundo de tanta gente boquirrota, de direita e de esquerda, Serjão me transmitiu nesses poucos contatos a serenidade e generosidade de quem sabe e viveu muito, mas muito mesmo. Era um jeito meio de esfinge, mas que não te devorava com perguntas, ao contrário, te esclarecia com comentários diretos.
Só com muita inteligência e capacidade de trabalho que se consegue levar com todos os problemas que existem, mas seguindo na estrada, uma publicação com a Caros Amigos. Para quem teve mais contato com a revista, sabia que Serjão era sua alma, cérebro e motor.
Engraçado que nesse período todo de contato com ele, não me lembro de encontrar na revista textos seus. Lembro sim de quando me deparei com a foto dele, em uma das Realidades da minha coleção, com um pilão na mão, ao lado de uma negra norte-americana, em uma matéria brilhante sobre a segregação racial nos Estados Unidos, feita em 1968. Era o mesmo Serjão, que com generosidade (não me canso de repetir este adjetivo) e de forma muito direta, nos deu com muita confiança duas páginas semanais na Caros Amigos, que era muito mais do que esperávamos, e que por alguns anos lutamos para que fosse as duas melhores páginas do mundo, movidos a pizza e camaradagem. Olhando para trás, é daqueles poucos que se tornam muitos, que são tudo.
Hoje não consegui ir ao seu enterro, devido as correrias que fazem a vida. Mas deveria ter parado esta tarde.
Alguém que consegue dar sentido para esta profissão maluca só pode mesmo ser especial.
quarta-feira, março 26, 2008
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