terça-feira, março 18, 2008

O ARROZ DA FESTA

Condoleezza Rice passou pelo Brasil. Dançou em Salvador e, em tese, veio discutir acordos contra o racismo. Estranha visita surpresa e rápida feita ao Brasil e Chile, mas não a Argentina, como bem apontou Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo.
Rice pediu duas coisas:
a) Que o Brasil reconheça as Farc como grupo terrorista
b) Que o Brasil considere que o comabte ao terrorismo é mais importante que a integridade das fronteiras

Desses dois conceitos, tira-se o seguinte A+B= Colômbia, com a assitência, inteligência e coordenação norte-americana, seria autorizada a fazer ações contra as Farc na região fronteiriça do Brasil, Venezuela e Equador.
O que certamente provocaria reações da Venezuela e Equador. E escalaria um conflito entre um aliado dos Estados Unidos e Chavez cheio de petróleo. Quem é que são as "feras radicais" que querem aumentar a tensão na região? Com que propósito?
O Brasil, como aliás deve a América do Sul toda, não caiu nessa.

O governo Bush está no fim e deve querer "encaminhar" suas questões com Iraque, Chavez e o Irã, ambos boas perspectivas de "negócios" no setor de petróleo, armas e morte. A demissão de Willian J. Fallon, do CentCom, o centro de comando das tropas norte-americanas no Pentágono, que era feroz adversário da escalada de tensões com o Irã é sinal disso. mais um é a pressão para aprovar logo o Tratado de Livre Comércio com a Colômbia, que ataria de vez o país a esfera de interesses dos EUA. Outro é a visita surpresa de Dick Cheney ao Iraque, para pressionar a aprovação da nova lei de Hidrocarbonetos no país, escrita pelos norte-americanos, e que vem sendo vendida como "solução" ao "espalhar" a renda do petróleo entre as etnias, mas que na realidade abre mais espaço para o controle da riqueza iraquiana para poucas grande empresas (com o petróleo acima de 100 dólares!!!!), que hoje tem seu acesso direto as reservas de petróleo barrados pelas estatais dos países produtores (PDVSA, Aramco etc...)

Apresentar uma "solução" no Iraque, e escalar tensões em outras partes do globo tem a vantagem de aumentar o tema "segurança" nas eleições norte-americanas, o que privilegia John Mccain, em um momento em que o eleitorado dos Estados Unidos está mais preocupado com o naufrágio da sua economia.

Embora Bush esteja nas últimas, e todos o tomem como um pato não manco, mas sem nenhuma perna, minha impressão é que eles vão querer dar um "fecho de ouro" a obra deles...

PS: Legal que Eliane Catanhede, após anos de matérias ouvindo fontes anônimas no Itamaraty que tinham como objetivo minar gestão Celso Amorim, tenha assim, tanto "vestido a camisa" de fã do ministro, com quem tem feito uma animada dobradinha de entrevistas, colunas opinativas elogiosas e matérias. Não estou dizendo que tenha desonestidade, ou mesmo mau jornalismo em nada disso. É matéria dar insatisfações internas, e a opinião elogiosa atual parece sincera. Só é curioso as voltas que o mundo nunca pará de dar...

segunda-feira, março 17, 2008

O PT não quer a Prefeitura de São Paulo

É a única conclusão possível de duas matérias da internet. Na primeira, Marta diz, publicamente, estar em dúvida se concorre como candidata a prefeita ou se segue no ministério. O que se tira da ministra é que ela concorre a contragosto. A outra é de que Orestes Quércia seria o vice na chapa de Marta, dita pelo presidente do PT, Ricardo Berzoini. A notícia é ótima. Para Kassab, Alckmin, Soninha e Ivan Valente, outros candidatos ao cargo. Basicamente, a presença ostensiva de Quércia joga no lixo a candidatura do PT, e é exemplo de como o PT de São Paulo, e Marta especificamente, jogam fora o que tinham e o que já fizeram de bom.
É uma política que só se sabe pequena. Mara, que ao sair da prefeitura poderia ter mostrado um real apreço e militância pela cidade, no fundo desde que perdeu a eleição, e foi para Paris antes do mandato acabar, tem se mostrado muito aquém do que poderia ser e dos cargos quealmeja. Pena, porque seu governo teve feitos importantes (descentralização, Bilhete Único, Renda Mínima...). Mas Marta (e Rui Falcão) fazem a cada dia se afundar mais e valorizar mais o que su governo teve de pior: não ter completado a transparência das subprefeituras com o Conselho de Representantes, ter se enroscado com o pior do malufismo e dos malufistas, incluindo o próprio e ter cultivado "cobras criadas" como Garreta, José Américo e Favre, enquanto se afastava de Carlos Neder, Nabil Bonduki e Soninha.
Pena, que com isso o conservadorismo paulistano poderá nadar de braçada. Será possível uma outra opção? Não sei, acho que nem Soninha, nem Ivan Valente, embora tenham objetivos nobres, estejam entrando de fato nessa para ganhar. A primeira quer fazer uma campanha de alto nível, para discutir como as campanhas são feitas, e hábitos como o automóvel, que a cidade vai ter que superar. É uma nova esquerda, que enfrenta a desconfiança da esquerda, e se assenta em poucas estruturas sociais, como igrejas e sindicatos. O segundo vai entrar nessa para construir o PSOL em São Paulo, mais ou menos como Plínio de Arruda Sampaio fez na campanha para o estado. E eu acho que o PSOL tem uma posição equivocada em relação ao governo Lula, no mínimo. fora de sintonia com o estado geral, que dificulta tudo. E como Soninha, não tem também estruturas sociais.
Enfim, entre as campanhas de princípio, mas que não buscam viabilidade e a viabilidade sem nenhum princípio, aqui estamos...
Mas quem sabe com Marta queimando a largada, não há espaço para uma dessas alternativas mais animadoras à escolha de Sofia, Kassab ou Alckmin (Sofia, alás, escolheu Alckmin faz tempo...)?
Para Marta e Berzoini, fica a pergunta: se Quércia pode no vale tudo para ter o tempo de TV e a máquina do PMDB ao seu lado, porque não ir direto ao pote de uns 20% e ter Maluf como seu vice? Ué, depois de tudo que eles fazem para nos surpreender, por que não?

PS: Parece que o vice será um "testa-ferro" do Quércia, não o própio...O que não muda nada na essência, mas muda muito na aparência...e o mundo, infelizmente, anda mais para o segundo que o primeiro...