segunda-feira, maio 05, 2008

Apenas 41 anos atrás, havia leis contra casamentos inter-racias nos EUA

Hoje morreu Mildred Loving. Quem foi Mildred Loving? Uma mulher negra que teve que entrar na justiça e lutar até a suprema corte para poder casar com um homem branco. Ela não morreu com 100 anos, o que não faria a história mais absurda, apenas mais velha. Ela morreu com 68. Sua ação para acasar aconteceu 41 anos atrás, em 1967. Até então, 17 Estados norte-americanos ainda tinham lei que proibiam e/ou restringiam casamentos inter-raciais.
Quando as pessoas exageram no samba-exaltação dos Estados Unidos, é bom lembrar que uma geração atrás ainda havia esse tipo de lei aberrante no país. Também é bom para refletir que embora tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil existe racismo, ele se manifesta de maneiras e com conseqüências diferentes. O Brasil tem uma miscigenação e uma interação entre as raças que não se compara aos norte-americanos. Em compensação hoje nos Estados Unidos os programas de ação afirmativa e a riqueza geral da própria sociedade perimitu que as condições médias de vida dos negros de lá sejam bem melhores, assim como a ascenção de uma classe média e uma classe alta negras.

Mais sobre Mildred Loving (em inglês) no link abaixo:

http://news.yahoo.com/s/ap/20080505/ap_on_re_us/obit_loving

Marcha da maconha

Surreal o que virou (muito por conta da militância da Globo) as proibições judicias da Marcha da Maconha. A Marcha é um pedido para uma mudança de lei, não a favor do consumo de drogas e é impressionante como uma simples marcha para tirar uma substância que é nociva, claro, mas bem menos nociva que o álcool ou que os custos sociais da sua repressão, das mãos do crime assusta certos setores...Estes, rapidamente assassinaramo direito a livre manifestação política...
Até porque a marcha é o último lugar que alguém iria consumir drogas.
Isso é meio pessoa, mas enquanto certa esquerda cai para o politicamente correto, esse filho bastardo do puritanismo, fico feliz que uma pessoa como Renato Cinco, que conheço faz tempo, siga persistente em um tema que a esquerda adora subestimar (quando não tem posições iguais aos conservadores sobre o assunto)...

"Velhinhos" indo da direita para a esquerda

Dizem que ser de esquerda é coisa de juventude, e conforme se envelhece, se ruma a direita...

A Folha de S. Paulo de hoje traz dois bons artigos na direção contrária. Duas pessoas que não são exatamente (eufemismo) de esquerda, nem são jovens: Bresser Pereira e Gilberto Dupas, escrevem interessantes artigos à esquerda.
Dupas reclama do fim das utopias, quase lamentando as reformas em Cuba e a China capitalista. Bresser Pereira escreve um interessante artigo desancando as elites latino-americanas que condenam de forma simplista polítocs como Fernando Lugo, Evo Morales e Chavez. O de Bresser Pereira é ótimo porque para entender esse tipo de político, ele analisa o tipo de sociedade, elite e oposição que há nesses países. E aponta o dedo de como é uma vergonha que setores no Brasil (vulgo Veja style) "comprem" as bandeiras políticas das retrógradas elites locais.

PS: A proposta de um "Plano Marshall" do Brasil para o Paraguai, envolvendo principalmente o BNDES, mas também a Embrapa e a extensão para o país das culturas de soja e etanol de cana-de-açucar, mais a Petrobras e outras entidades brasileiras, inclusive inicativa privada, mostra como o repertório de ações de integração pode ser muito, mas muito mais rico do que a mentalidade "querm nos tungar" ou "sempre cedemos" de um Guzzo que escreveu na Exame. Esse pessoal é muito tosco e ainda bem que estão mais longe do que nunca do comando e da linha do Itamaraty.






LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA

Governar países pobres


Não há mal no populismo político, condenável é o populismo econômico, ou seja, gastar mais do que arrecadar

A ELEIÇÃO no Paraguai de um candidato de esquerda e nacionalista, Fernando Lugo, é ao mesmo tempo um sinal de avanço da democracia e mais uma indicação do aumento da distância entre as massas e as elites. Entretanto, apesar do aumento da fratura política entre pobres e ricos, estes continuam poderosos, com freqüência aliados a interesses externos, e a probabilidade de os novos governantes lograrem êxito na promoção do desenvolvimento econômico com eqüidade é pequena.
São muitos os obstáculos que os líderes políticos de países pobres enfrentam. Quanto mais pobre é um país, maior será a diferença entre pobres e ricos, menos informada politicamente será sua população, menos organizado será o mercado e mais fraco o Estado. Como a apropriação do excedente econômico não se realiza principalmente por meio do mercado, mas do Estado, a probabilidade de que facções das elites recorram ao golpe de Estado quando se sentem ameaçadas é sempre grande.
Para avaliar a enorme dificuldade em governar esses países, basta comparar os países pobres e os de renda média que elegeram governantes de esquerda. Enquanto na Venezuela, no Equador e na Bolívia tivemos ameaças recentes de golpe de Estado, no Brasil, na Argentina, no Chile e no Uruguai essas ameaças estão ausentes. Quanto mais pobre o país, menos consolidada será sua democracia e mais arriscado e difícil será governá-lo.
Entretanto, como as elites locais dos países mais pobres estão quase sempre associadas às potências externas e às suas elites, o que vemos na imprensa, além das ameaças de golpe, é o julgamento negativo dos seus governantes. Primeiro porque esses governantes são incômodos aos países ricos na medida em que decidem defender os interesses nacionais via aumento dos impostos ou royalties sobre seus recursos naturais (quando não decidem nacionalizar alguns deles). Segundo porque as elites locais se sentem ameaçadas pelo líder político, embora sua prática raramente lhes prejudique.
Terceiro porque as elites dos dois tipos de países insistem em julgar esses líderes de acordo com critérios adequados a países desenvolvidos, em vez de compreenderem que os padrões mais baixos de desenvolvimento político exigem igualmente padrões menos rigorosos de avaliação.
A acusação que resume tudo é que o líder é "populista". De fato, se for realmente um líder, ele será populista, pois populista é o líder político que logra estabelecer um contato direto com o povo independentemente dos partidos e das respectivas ideologias. Ora, na ausência de partidos ideológicos, não há alternativa a esse contato direto. Não há mal, portanto, no populismo político, que é geralmente a primeira manifestação política do povo nos países pobres.
Condenável é o populismo econômico (o Estado ou a nação gastarem mais do que arrecadam), mas, muitas vezes, líderes populistas políticos não são populistas econômicos, pois sabem que precisam cuidar das finanças internas do Estado e das externas da nação para se conservarem no poder.
Em síntese, quando um líder nacionalista alcança o poder, ele enfrenta tantas dificuldades e obstáculos que não há garantia de que a nação que governa será beneficiada, mas, quando suas elites rejeitam seu povo e se associam às elites externas, não há nenhuma dúvida de que a nação estará sendo esquecida, e a democracia, desprezada.


LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 73, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Macroeconomia da Estagnação:
Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994".
Internet: www.bresserpereira.org.br
lcbresser@uol.com.br

quarta-feira, abril 23, 2008

Só o tremor nos une

Hoje estava na sala de casa, quando houve o tremor em São Paulo. Foi rápido. Foi estranho. Até agora não se sabe de nenhum ferido e de nada mais do que algumas rachaduras em prédios. Deixe-me confessar: foi divertido. No último andar de um prédio em um morro, com vista para São Paulo, tudo balançou...É uma sensação bem estranha..."O que fazer?" Sei lá...vamos descer de escada...Saímos e na área comum do andar, diante do elevador, todos os vizinhos (são três apartamentos por andar) estavam lá também. Nos olhamos, confirmamos o tremor (primeiro é quase automático pensar "sóu eu que estou louco?") e começamos a conversar se seria no prédio ou se era um terremoto mesmo...afinal, aqui não tem terremoto...Olhamos na janela e vimos a movimentação - luzes se acendendo, pessoas indo na varanda - nos outros prédios...e conversamos e rimos um pouco do ocorrido.
Meus vizinhos são bem simpáticos e não digo isso só por política de boa vizinhança :) Ainda todos tem bom gosto musical, sempre tem um samba, um chorinho, um jazz para se ouvir antes de pegar o elevador (enquanto aqui de casa sai meus lixos sonoros oitentistas...). Mas nunca tinha acontecido de sairmos todos e conversarmos um pouco, e rirmos juntos um pouco. Mais curioso ainda que no andar não tem nenhuma família propriamente dita, todos adultos...
Depois liguei para a casa dos meus pais, onde ninguém sentiu o tremor, considerações se seria algum problema predial. E aí ele apareceu na TV. Minha irmã ficou irritada de eu ter achado divertido, e seu namorado ficou irritado de ter "perdido" o terremoto em São Paulo, que ele não sentiu...Mas a verdade é que eu estou com um sorriso até agora.
"Faz a gente pensar que é tão frágil"
"Mas é isso mesmo, o que eu posso fazer, por isso que eu rio."
Não deu para explicar para ela, eu mesmo pensei depois, que não fui só eu não, estávamos todos rindo no hall. Em uma noite modorrenta, quando estamos em casa após um dia pesado de trabalho, o tremor inédito quebrou a rotina, foi uma pequena xacoalhda de vida. "Sobrevivemos", podemos dizer com uma pompa auto-irônica. Sobrevivemos ao dia-a-dia, todos os dias, até que um dia não mais. É a vida. Para o bem e para o mal, no seu aspecto mais banal. E é o rasgo contra a banalidade, para o qual não fizemos nada e contra o qual não podemos fazer nada, que vem em um tremor, parecer estranhamente nos fazer sentir mais vivos e menos sozinhos nesse barco que treme.

...

Com licença. A vontade era vê-la do escuro profundo da madrugada em uma estrada vicinal, mas aqui da varanda mesmo já dá para ver a lua cheia linda, que as luzes da cidade grande "apagam" do nosso olhar tão treinado para não ver...

quinta-feira, abril 17, 2008

Efeitos certos e incertos do aumento em meio ponto percentual da Selic

Hoje, o Copom, aquele comitê não eleito e independente que manda no país, aumentou a taxa básica de juros do país em meio ponto percentual. Os juros no Brasil eram de 11,25%, já os maiores do mundo, e agora foram para 11,75%. Vai abaixo uma lista de efeitos certos e incertos desse aumento:

EFEITOS CERTOS

- Aumentar a valorização do real diante do dólar, levando em direção do vinagre cada vez mais rápido a balança comercial e aumentando o déficit em conta corrente. Se o dólar chegar R$ 1,60, talvez compre. Se chegar a R$ 1,50 eu compraria :) Porque isso não costuma a terminar bem.

- Aumentar os lucros dos bancos brasileiros, como o Itaú, com a arbitragem de juros. O que é isso? Os bancos, que foram os mais vigorosos defensores do aumento, tomam empréstimos no exterior pelas taxas americanas, japonesas e européias, convertem em reais e colocam este dinheiro na selic. Ganham duas vezes: com os juros maiores da Selic e com a valorização do real causada pela própria montanha de recurso que trazem para o país. Produzindo nada, ganham fortunas...

- Reduzir os investimentos produtivos, a previsão de crescimento, consequentemente a geração de emprego e melhoras na renda e consumo do trabalhador. Esse é todo o ponto de aumentar os juros, já que visa reduzir a demanda para evitar inflação. Poderia ser feita uma aposta no aumento da oferta, já que a porcentagem de investimento em relação ao PIB vinha aumentando, e as recentes revisões de metodologia de PIB do IBGE desnudaram as quimeras do conceito do "PIB Potencial", que é quanto o país poderia crescer sem gerar inflação. Os economistas tem muito menos domínio disso do que apregoam. Exemplo: as chuvas desse ano deram um pouco mais de folga para as necessidades de investimentos em geração de energia, fator crucial no PIB Potencial. Você acha que os economistas de banco são capazes de calcular o impacto disso no PIB potencial?

- Piorar o perfil dos gasto públicos, e a trajetória da dívida interna. Também a reserva cambial e os custos fiscais da sua manutenção frutos da diferença de rendimento dos papéis onde ela está investida, baixa, com a Selic, alta. É curioso como os "liberais" não se preocupam com isso...

- Ao reduzir renda, crescimento e crédito, aumenta a inadimplência e a dificuldade do trabalhador de fazer frente à real inflação, aquela localizada nos produtos alimentícios. É lógico que por causa do último resto de indexação da economia (os preços das empresas privatizadas que são indexados) isso ia contaminar outros setores...mesmo assim (veja abaixo)



EFEITO INCERTO

- Justamente aquilo pelo qual é apresentado como justificativa: o controle da inflação. Como o aumento interno de juros no Brasil vai afetar os preços internacionais das commodities agrícolas (trigo, arroz, milho etc...) é uma alquimia ainda inexplicada. O BC por causa de um problmea pontual, ao invés de tentar circunscrevê-lo e fazer a economia crescer "cercando-o" e lidando com a demanda através de investimento e aumento da capacidade da produção (não se vê um retorno a cultura inflacionária em nosso país), vai penalizar todo o resto da economia, sem ser capaz de enfrentar a fonte do problema, além do seu alcance. O único efeito indireto disso sobre os preços agrícolas se dará pela apreciação do câmbio (como eles são cotados em dólares, conforme o real se valoriza, tornam-se em relaçoa ao real, menores...). Ou seja, o Brasil se afunda cada vez mais perigosamente em um âncora cambial. Até onde as exportações X importações aguentarão a valorização do real antes dessa bolsa especulativa estourar em uma onda negativa e todos esses capitais vindos de arbitragem saírem correndo jogando o real no sentido contrário, o da desvalorização (e essa, trazendo inflação de importados e preços internacionais, como gasolina)...

- O aumento de juros em um momento em que o Brasil é um dos motores "contra-cíclicos" de crescimento em um mundo afetado por uma crise nos Estados Unidos, pode nos jogar "voluntariamente" dentro dela, acabando com o "descolamento". Se a crise norte-americana impactar o preço das commodities, quanto mais valorizado estiver o real, maior vai ser nossa fragilidade diante da queda desse preço das commodities....

Tradução: onde o BC vê prudência, é exatamente onde eu vejo risco...Mas os agentes financeiros podem sorrir novamente...O país vai voltar a ter que separar uma parte maior da sua renda para ser capturada pelos juros...Financiamentos de imóveis, de carro, de bens duráveis, de infra-estrutura e novas estruturas produtivas volta a ficar mais caro...

É o Copom, a mais eficiente das oposições...

sábado, abril 12, 2008

Um tico de VQP

Não leio mais a Veja. Mas me divirto horrores com seus delírios e suas capas...ontem, ouvi de uma pessoa que jamais soube do meu affair com a revista que a ela perde assinantes semanalmente na casa dos milhares...isso enquanto o país cresce...E de outra que trabalhou anos na editora que a Abril é "podre" e um projeto "maquiavélico". Vamos ser justos...eles tem um know-how em revista e contratam e tratam seus funcionários direitinho...mas eita visãozinha de país tacanha...

Queria chamar a atenção para o começo da matéria de capa dessa semana. Preste atenção na linguagem intrincada, cheia de adjetivos e caraterizações simples, sem personagens, sem fatos, uma estranha pensata... "estapafúrdia"..."oriunda do baú dos ideólogos da esquerda marxista", "visão obtusa e esquemática", "retrocesso na marcha para o socialismo" (onde tem uma marcha para o socialismo...). É engraçado como quanto menos fato, menos informação, mais viagem, a linguagem responde imediatamente, se tornando cada vez mais delirante.

Eu não li a matéria...mas a capa é divertida...quem mais faz propaganda da questão do terceiro mandato é a direita, que hoje tem muito pouco mais o que fazer...Sobre o tema já postei abaixo...(o autor desse blog, as 3 pessoas a que interessar possa, é contra terceiro mandato e mudanças institucionais que beneficiem os próprios ocupantes da cadaeira).
Aliás, vamos fingir aqui que a revista não defendeu um segundo mandato para FHC...mudança para lá de casuísta, tentação messiânica de impedir de qualquer jeito que Lula chegasse ao poder...

ahahaha Acabo de lembrar da resenha do Mario Sabino, dizendo que o livro de FHC seria uma obra fundamental na história do Brasil...Que livro? :)

A tentação messiânica do continuísmo

Por Marcelo Carneiro e Otávio Cabral
É uma idéia estapafúrdia que, volta e meia, reaparece no noticiário político, oriunda do baú dos ideólogos da esquerda marxista e dos parlamentares fisiologistas de qualquer espectro – a de mudar a Constituição brasileira e permitir que o presidente Lula possa concorrer a um terceiro mandato em 2010. Na visão obtusa e esquemática dos ideólogos, a justificativa é que a chegada de um ex-operário ao Planalto representaria o "fim da história", com o povo instalado no poder, e, então, para que fazer eleições? É Lula lá até quando a biologia permitir... Nessa visão, a saída de Lula significaria, assim, um retrocesso na marcha para o socialismo, sendo o terceiro mandato apenas uma etapa para, se tudo der certo, a manutenção vitalícia do companheiro na Presidência da República Popular do Brasil.



Agora, leia a coluna de Diogo Mainardi...olha a delicadeza:

É Créu neles! É Créu nelas!

Dilma Rousseff encolheu. Sua candidatura presidencial durou menos de duas semanas. Foi logo ceifada pelo bando de José Dirceu. Ou pelo bando de Marta Suplicy. Ou por seu próprio bando. Eu, que defendia ardorosamente a candidatura da princesinha do Créu, terei de escolher outro nome do PT. Qualquer um é pior do que ela. Qualquer um tem mais chance de ser eleito.

Fala-se muito sobre a popularidade de Lula. É espantoso que o eleitorado ainda o apóie desse jeito. (grifo meu, morrendo de rir) Mas ninguém contabiliza o ganho que isso pode representar para o futuro. Para proteger a imagem de Lula, todas as maiores figuras do PT foram sacrificadas. E as menores também. Dou um conselho aos mais aflitos: pendurem na parede uma fotografia do primeiro ministério lulista, de 2003. A mortalidade entre seus membros foi maior do que a do politburo de Stalin. A velha-guarda petista sumiu do cenário político. Agora só pode agir às escondidas, nos bastidores. De José Dirceu a Humberto Costa, de Luiz Gushiken a Miguel Rossetto, de Antonio Palocci a – qual era o nome dele? – José Fritsch.
Lula é o Ricardo III de Garanhuns. Só falta a corcunda. E o pé manco.


Lula é Stalin e Ricardo III....de Garanhuns...uau...Os ex-ministros de Lula foram executados? Nossa...O Mainardi é aquele que trabalha no "Saia Justa", não? Nem o Lucas Mendes leva esse cara a sério (pode notar no rosto do pessoal de Nova York :)

sexta-feira, abril 11, 2008

Lula e o efeito massa de bolo...

A popularidade de Lula não se enquadra mais no "efeito teflon" aquele em que as acusações não aderem...

Hoje o presidente é um político "massa de bolo": quanto mais batem, mais cresce...
A oposição, com sua linha de frente formada por "gênios" como Garibaldi Alves, Artur Virgílio e mentores intelectuais do mais alto nível como Carlos Sadenberg e Reinaldo Azevedo, não notou que entrega, cada dia mais, de bandeja para Lula, o "monópolio" da representação simbólica de um projeto nacional...

Repetem o erro da UDN, de achar que só um moralismo (e ainda falso e histérico) chegam a formar um projeto político (quanto mais um nacional).

De certa forma, quem mais quer um terceiro mandato de Lula é a oposição, para lhe dar uma bandeira e confirmar a pecha de "populista" à Lula...
Eu acho que não haverá terceiro mandato, apesar do lobby das "boquinhas" no PT (é da natureza da entidade política partido não querer largar ossos) , e da falta de sucessor com as mesmas características de "harmonizar" (ou escamotear) o contraditório em um país tão desigual, porque

1) Lula tem se provado bem mais esperto que isso...Ele quer sair por cima...Talvez justamente para voltar
2) O que ele próprio ganha com um terceiro mandato? Um tipo de confronto mais direto que ele sempre gostou de driblar em sua carreira política
3) Uma das coisas que eu sinceramente acho das mais legais do Lula é seu caráter bem mais "normal" de auto-ironia, e menos "missionário" do que a maioria dos políticos...Sei que ele só falta falar de si mesmo como enviado de Deus mas ao mesmo tempo, ele tem a típica lógica de querer cair fora, ir fazer o coelho dele, ter umas "férias"...no Lula a mosca azul do poder convive com a vontade de tomar uma caninha e jogar um futebol sem ninguém lhe encher o saco :) Como ele mesmo disse "de fazer aquela receita de coelho". Acho que ele está pensando "já deu, se eu sentir falta é só querer volto em 2014"...que é exatamente o cenário atual...(2014 ninguém sabe ou controla o que será...) .

O sucesso que tem sido a trajetória de Lula é algo que chega a ser surreal...

quarta-feira, abril 09, 2008

Jamais imaginei...eu concordar com o FMI :)

Saiu na Folha de hoje.

Juro alto torna país vulnerável, diz FMI

Para Fundo, taxa alta atrai capital especulativo e valoriza real, prejudicando exportações e elevando vulnerabilidade

Relatório aponta ainda que emergentes têm pouca exposição à crise do crédito nos EUA, mas podem sofrer com desaceleração global

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

No momento em que o Banco Central brasileiro decide sobre novo aumento de juros, o Fundo Monetário Internacional diz que a principal vulnerabilidade do país hoje tem a ver exatamente com a taxa elevada que pratica na comparação com outros países.
Embora enxergue os países emergentes mais bem posicionados para enfrentar as dificuldades da atual crise, o Fundo diz que o Brasil está exposto a distorções e riscos em razão da forte valorização do real, que estaria diretamente relacionada ao juro alto: "A valorização contínua das moedas de alguns países, incluindo o real (...), pode significar um canal de vulnerabilidade caso haja picos de volatilidade no futuro", diz o FMI em relatório sobre a economia global.
O FMI vê o real valorizado principalmente em razão de operações conhecidas como "carry trade". O jargão denomina uma manobra financeira na qual os investidores tomam empréstimos em países nos quais a taxa de juros é baixa e aplicam o dinheiro em outros, onde o juro é bem maior.
Com o ganho, ele não só paga o empréstimo no país onde tomou o dinheiro emprestado como obtém grandes lucros.
As operações de "carry trade" no Brasil vinham concentradas em investidores que tomavam empréstimos no Japão e na Suíça. Agora, os EUA também viraram nova fonte de recursos. Com seu juro básico em 2,25% ao ano, os EUA fornecem dinheiro barato a quem quer arriscar no Brasil, onde o juro básico é de 11,25%. Se o real se valoriza durante a operação, o ganho é ainda maior.
Caso o BC suba ainda mais os juros, para 11,5% neste mês e 11,75% até o final do ano, como alguns no mercado prevêem, essas operações e a pressão sobre o real devem se acentuar.
Essa entrada maciça de dólares atrás dos juros altos derruba a cotação do dólar. Como efeitos colaterais, há uma diminuição da competitividade do setor exportador nacional, principalmente o industrial, e uma progressiva deterioração das contas externas. E, numa turbulência maior, esse dinheiro pode sair rapidamente do país, gerando instabilidade.
O FMI também prevê que uma crise mais permanente na economia dos EUA venha a esfriar toda a economia global, tendendo a atingir os emergentes e os preços das commodities que sustentam suas exportações. E, com o tempo, os saldos comerciais e a balança de pagamentos desses países.
O Fundo pondera, no entanto, que muitos emergentes, especialmente os latino-americanos, têm uma exposição quase nula aos créditos imobiliários de segunda linha nos EUA ("subprime"), epicentro da crise atual. Mas prevê que a desaceleração global possa interromper um ciclo de forte crescimento em operações de crédito entre vários países.
Enquanto no Brasil o volume de crédito cresceu 28,5% em 2007, subiu 51% na Rússia, 37% na Argentina e 72,5% na Venezuela, por exemplo.
Em termos de crescimento, para 2008, o FMI projeta uma alta de 4,4% entre os latino-americanos. Para 2009, de 3,6%. Ambos os percentuais estão abaixo dos 5,5%, em média, dos últimos dois anos (as projeções para o Brasil sairão hoje).
Mesmo para a Ásia, região mais dinâmica do planeta nos últimos anos, houve uma diminuição das expectativas de crescimento. A Ásia emergente crescerá, segundo o FMI, 8,2% neste ano e 8,4% no próximo. Na média dos dois últimos anos, o crescimento foi de 9,7%

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Além disso, acho que a crise americana, que ninguém sabe quanto irá impactar no crescimento global, talvez afete o preço das commodities (alimentos, petróleo, aço etc...), fazendo-as cair. Hoje são as commodities a principal pressão inflancionária, e acho que não é certo que o aumento de juros interno tenha algum poder sobre elas em um momento de forte demanda global. Melhor seria o país se defender através de um aumento de demanda. Outro problema é que os juros altos aumentam a âncora cambial como mecanismo contra a inflação. O que detoria a balança comercial, as exportações, o verdadeiro aspecto "sustentável" do nosso crescimento, que com o câmbio assim logo, logo vão para o brejo...
No cenário econômico mundial, não local, nossa principal proteção é justamente o crescimento econômico. Aumentar os juros aumenta o aspecto especulativo da nossa economia e de tipo de capital que entra no país e nos faz mais vulnerável a crise americana.
De resto, a inflação está muito pouco acima da meta, e os problemas são pontuais...
Um meio termo possível seria simplesmente manter a atual taxa de juros.
Mas o lobby dos bancos brasileiros loucos para ganhar com a arbitragem de recursos já embarcou com tudo nessa e dificilmente irá perder...

terça-feira, abril 08, 2008

Chavez e $$$$

Muito se fala, e mais ainda se falou, de que no governo atual as relações exteriores são "ideológicas", ao buscar a diversificação de relações e o desenvolvimento do eixo "Sul-sul", ao contrário de um pretenso "pragmatismo", voltado a concentrar nossas relações externas em tratados de livre comércio para exportação de commodities para os Estados Unidos e a Europa ("Sul-norte").
Esse aliás era o discurso de Geraldo Alckmin na campanha eleitoral, e ainda é o da Veja, e de um setor do Itamaraty (Rubem Barbosa, Celso Lafer etc...).
Nenhum deles saiu para admitir o erro ou pedir desculpas (claro). A crise norte-americana prova (e até os mercados financeiros elogiam) que a diversificação brasileira que nos torna mais imunes que o México, por exemplo à crise norte-americana. Que porcaria seria um Alca, ou um Tratado de Livre Comércio, onde os norte-americanos nunca concederam nada, em um ambiente desses? Detalhe: as exportações seguiram crescendo e a relação com os países mais fortes não foi abandonada por iniciativas com os demais "Brics" (Brasil, Rússia, Índia e China), na América do Sul ou junto aos países do Oriente Médio e África. Na realidade essa diversidade reforça nossa força de negociação com os próprios países ricos. Vide o caso da formação do G-20 nas negociações da Rodada de Doha, e do embargo da União Européia a carne brasileira, que devido à multplicidade de mercados (obra, claro, não só do governo, mas também das empresas exportadoras) prejudicou apenas a própria União Européia, com inflação da carne.
Esse longo nariz-de-cera é a introdução a uma nota publicada hoje na coluna da Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo. No amplo espaço dado à cobertura do governo Hugo Chávez, a maior parte dele ideológico, esse aspecto tão absolutamente pragmático que pode ser quantificado, e "liberal" porque negóciso, é em geral solenemente ignorado. O governo Chavez é um negocião para o Brasil!



Boca aberta
Uma missão de empresários brasileiros do setor de alimentação, arregimentados pelo Ministério do Desenvolvimento, deve partir ainda neste mês para a Venezuela. Enfrentando uma crise de desabastecimento, o governo Hugo Chávez pediu ajuda ao governo Lula, que vê, por seu lado, oportunidade para aumentar as vendas para o país vizinho. Devem ser convidados empresários dos setores de carne, frango, leite, doces e até biscoito.BOCA 2Na última missão de brasileiros na Venezuela, em dezembro, foram fechados contratos de US$ 660 milhões para a venda de artigos como papel higiênico, carne, leite -e até sêmen bovino. O governo Chávez derrubou impostos para facilitar as importações. Alguns chegaram a cair de 45% para 12%.

Em cinco anos, as vendas do Brasil para a Venezuela dispararam de US$ 500 milhões para US$ 5 bilhões por ano.

quarta-feira, março 26, 2008

Pequena homenagem, grande lembrança

Hoje de manhã soube da morte de Sérgio de Souza, editor da Caros Amigos, e ex-jornalista da mítica revista Realidade. Uma tristeza imensa dessas pessoas boas que vão embora. Tive a sorte de ter contatos profissionais com "Serjão", por conta de uma seção que fazia com vários amigos na Caros, a "República" sobre ensiono superior. Tive um contato mais longo por alguns dias, quando ajudei na edição do especial da revista sobre o Fórum Social Mundial de 2002.

Em um mundo de tanta gente boquirrota, de direita e de esquerda, Serjão me transmitiu nesses poucos contatos a serenidade e generosidade de quem sabe e viveu muito, mas muito mesmo. Era um jeito meio de esfinge, mas que não te devorava com perguntas, ao contrário, te esclarecia com comentários diretos.

Só com muita inteligência e capacidade de trabalho que se consegue levar com todos os problemas que existem, mas seguindo na estrada, uma publicação com a Caros Amigos. Para quem teve mais contato com a revista, sabia que Serjão era sua alma, cérebro e motor.
Engraçado que nesse período todo de contato com ele, não me lembro de encontrar na revista textos seus. Lembro sim de quando me deparei com a foto dele, em uma das Realidades da minha coleção, com um pilão na mão, ao lado de uma negra norte-americana, em uma matéria brilhante sobre a segregação racial nos Estados Unidos, feita em 1968. Era o mesmo Serjão, que com generosidade (não me canso de repetir este adjetivo) e de forma muito direta, nos deu com muita confiança duas páginas semanais na Caros Amigos, que era muito mais do que esperávamos, e que por alguns anos lutamos para que fosse as duas melhores páginas do mundo, movidos a pizza e camaradagem. Olhando para trás, é daqueles poucos que se tornam muitos, que são tudo.
Hoje não consegui ir ao seu enterro, devido as correrias que fazem a vida. Mas deveria ter parado esta tarde.
Alguém que consegue dar sentido para esta profissão maluca só pode mesmo ser especial.