terça-feira, abril 08, 2008

Chavez e $$$$

Muito se fala, e mais ainda se falou, de que no governo atual as relações exteriores são "ideológicas", ao buscar a diversificação de relações e o desenvolvimento do eixo "Sul-sul", ao contrário de um pretenso "pragmatismo", voltado a concentrar nossas relações externas em tratados de livre comércio para exportação de commodities para os Estados Unidos e a Europa ("Sul-norte").
Esse aliás era o discurso de Geraldo Alckmin na campanha eleitoral, e ainda é o da Veja, e de um setor do Itamaraty (Rubem Barbosa, Celso Lafer etc...).
Nenhum deles saiu para admitir o erro ou pedir desculpas (claro). A crise norte-americana prova (e até os mercados financeiros elogiam) que a diversificação brasileira que nos torna mais imunes que o México, por exemplo à crise norte-americana. Que porcaria seria um Alca, ou um Tratado de Livre Comércio, onde os norte-americanos nunca concederam nada, em um ambiente desses? Detalhe: as exportações seguiram crescendo e a relação com os países mais fortes não foi abandonada por iniciativas com os demais "Brics" (Brasil, Rússia, Índia e China), na América do Sul ou junto aos países do Oriente Médio e África. Na realidade essa diversidade reforça nossa força de negociação com os próprios países ricos. Vide o caso da formação do G-20 nas negociações da Rodada de Doha, e do embargo da União Européia a carne brasileira, que devido à multplicidade de mercados (obra, claro, não só do governo, mas também das empresas exportadoras) prejudicou apenas a própria União Européia, com inflação da carne.
Esse longo nariz-de-cera é a introdução a uma nota publicada hoje na coluna da Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo. No amplo espaço dado à cobertura do governo Hugo Chávez, a maior parte dele ideológico, esse aspecto tão absolutamente pragmático que pode ser quantificado, e "liberal" porque negóciso, é em geral solenemente ignorado. O governo Chavez é um negocião para o Brasil!



Boca aberta
Uma missão de empresários brasileiros do setor de alimentação, arregimentados pelo Ministério do Desenvolvimento, deve partir ainda neste mês para a Venezuela. Enfrentando uma crise de desabastecimento, o governo Hugo Chávez pediu ajuda ao governo Lula, que vê, por seu lado, oportunidade para aumentar as vendas para o país vizinho. Devem ser convidados empresários dos setores de carne, frango, leite, doces e até biscoito.BOCA 2Na última missão de brasileiros na Venezuela, em dezembro, foram fechados contratos de US$ 660 milhões para a venda de artigos como papel higiênico, carne, leite -e até sêmen bovino. O governo Chávez derrubou impostos para facilitar as importações. Alguns chegaram a cair de 45% para 12%.

Em cinco anos, as vendas do Brasil para a Venezuela dispararam de US$ 500 milhões para US$ 5 bilhões por ano.

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