sexta-feira, março 23, 2007
VQP - Azevedo X Azenha
Esta semana, e parece que quem começou foi Azevedo, mas, felizemnte, perdi o primeiro caítulo, começou um "tirotexto" (tiroteio de texto, desculpe a infâmia...) com Luiz Carlos Azenha.
Não é nada edificante. Mas enfim, como inventei-me, faz tempo, de fazer isso, vão os links para quem estive disposto:
Azenha:
http://viomundo.globo.com/site.php?nome=MinhaCabeca&edicao=725
Azevedo:
http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/
Óbvio, e sinceramente, concordo muito mais com a visão de mundo, de jornalismo e postura do Azenha.
Idéias que provocam...
http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=13774
quinta-feira, março 22, 2007
Coluna de Clóvis Rossi de hoje
Os heróis de Lula
SÃO PAULO - Primeiro, o governo Luiz Inácio Lula da Silva mexeu na TR (a Taxa Referencial de juros), de tal forma que os rendimentos da poupança serão reduzidos.
Alguém aí ouviu algum outro alguém gritar "calote", "tunga", "quebra de contrato" ou algo parecido? Ou só silêncio?
Depois, constatou-se que, graças à mesma mágica besta do governo, também o FGTS será afetado, passando a ter rendimento inferior ao da inflação (ou seja, perda de renda, em bom português), dependendo do nível da taxa de juros.
De novo, gritos enfurecidos de "calote", "tunga", "quebra de contrato"? Nadica de nada, salvo uma reclamaçãozinha chocha do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, mais por não ter sido ouvido do que pela tunga. Reclamação que, de resto, só comprova uma vez mais que, no governo do Partido dos Trabalhadores, trabalhador não é ouvido nem cheirado, por mais que o presidente da República ainda se considere torneiro mecânico, profissão que não exerce há pelo menos um quarto de século.
Agora, experimente você mencionar "calote" (não necessariamente para defendê-lo) em relação à dívida pública. Cai-lhe o mundo em cima, por baixo, por baixo.
Ficamos então assim: "redutor" na TR, afetando o pequeno investidor e o assalariado, pode. Já o rendimento do grande investidor, que detém os papéis do governo, é absolutamente intocável, sagrado. Foi assim sempre, mas se tornou quase vício, verdadeiro dogma religioso no governo Lula, que fez a opção preferencial pelo mercado financeiro, ao qual dedica anualmente algo em torno de 7% ou 8% do PIB.
Dia virá em que Lula chamará de "heróis" o pessoal do mercado, como fez anteontem com os usineiros, no mesmo dia em que fiscais do trabalho encontravam trabalhadores da cana atuando em condições "degradantes".
quarta-feira, março 21, 2007
Diálogo maluco sobre o novo PIB by IBGE
Tem mais , a gente discute, discute, aí vem o IBGE, muda tudo, e a gente descobre que a vida é numerolo...ops, metodologia...De ontem para hoje acordamos 10% mais ricos, devemos ter crescido mais que alguém além do Haiti, e a dívida/PIB foi de 51,5% para 46,5%. 10% de crescimento em um dia? Seria o espetáculo (no sentido teatral do termo) do crescimento? abração e risos...
Resposta
Zé, tô tentando entender essa parada faz umas três horas. Minhas dúvidas:
Se é assim, por qual motivo o IBGE foi tão estúpido de não fazer isso antes?
Será que isto não poderá ser visto como manipulação?
Caso esteja correto, como me parece que está, será que finalmente vamos entrar em um novo ciclo de crescimento, novamente sem inflação? (não teve inflação no milagre)
Como fica a questão do investment grade?
E o PIB potencial?
Quer dizer então que a carga tributária é menor do que a gente pensava e mesmo assim trava o país? Enfim. Dúvidas, dúvidas e dúvidas.
E o meu conhecimento em economia não me permite ir além delas.To tentando ler mais a respeito. Abração
tréplica
Bem, se a carga tributária é mais baixa em relação ao PIB e ele está crescendo neste ritmo, ela não trava tanto o país assim...ao menos como se pensava...Tenho as mesmas dúvidas. Estou esperando alguém vir com uma c´ritica demolidora para começar a entender o que ocorre. Deixa eu te adicionar outras duas dúvidas:
1) Quais são os padrões internacionais de cálculo do PIB? Nos aproximamos deles, nos afastamos, ou é o samba do FMI doido, cada país tem seu critério?
2) O que os gringos vão pensar quando todos os números da economia brasileira forem diferentes amanhã..."Uau", "uai" ou "how" ?
A emenda 3 e o jornalismo de resultado
O que está em jogo é a tentativa dos defensores da medida, o que inclui as grandes empresas de mídia, de impedirem a fiscalização (pouca) da justiça do trabalho contra a "pejotização" de empregados, que acontece inclusive nas empresas de comunicação, por exemplo, com grande parte dos repórteres e apresentadores da Globo (o boato em Brasília é que a própria empresa fez lobby pela emenda). Atuação em causa própria. E pouco se importando com as implicações disso, por exemplo, no combate ao trabalho escravo. Se os fiscais forem proibidos de atuar, acabam as missões para libertação de escravos em fazendas. É isso aí, a aparente defesa das relações (pós) modernas de trabalho defendem a escravidão. É a cara do projeto conservador brasileiro. É a cara do PFL e do PSDB fazer de algo assim uma prioridade.
Lula fez bem em vetar a emenda, mas nitidamente o governo não está jogando pesado em impedir a tentativa da oposição de derrubá-la, porque se tivesse já tinha acabado com esta história.
Para entender melhor o caso, leiam o Blog de Leonardo Sakamoto: http://blogdosakamoto.blig.ig.com.br/
E este artigo interessante sobre o caso, que saiu na Folha de S. Paulo de hoje, de Elio Gaspari:
O fantasma jurídico da pessoa física
Na mesma Folha de hoje, um exemplo da importância do trabalho dos fiscais. Blitz nos canaviais do interior de São Paulo, contra condições abusivas de trabalho de boiás-frias, nas "glamourizadas" plantações de cana-de-açucar. E com este tipo de coisa que a emenda 3 quer "acabar".
segunda-feira, março 19, 2007
O caminho da sucessão na Abril
Davi x Golias no Bexiga - de Gulherme Wisnik
GUILHERME WISNIK
Um dos maiores patrimônios da cultura brasileira viva, teatro Oficina continua a disputa com Silvio Santos
MAIS UM capítulo na disputa entre o Grupo Silvio Santos e o teatro Oficina: depois de induzir o destombamento e a demolição de sobrados de interesse histórico nos terrenos que adquiriu para a construção de um shopping, o Grupo SS continuou a "limpeza" da área demolindo a sinagoga Ohel Yaacov, uma das primeiras de São Paulo. Com os entulhos, tapou duas janelas do teatro, envolvendo-o em escombros. Zé Celso, por sua vez, encontrando uma estrela de Davi metálica em meio aos destroços, passou a usá-la em cena como um amuleto contra a ofensiva do Golias-Silvio Santos. Seu poder é revelar os teatros latentes por trás de cada personagem, incluindo o seu próprio, e reteatralizá-los.
Encaixadas sob os arcos de tijolo do paredão dos fundos do Oficina, as janelas foram abertas durante a montagem de "Os Sertões", indicando a intenção de expansão do espaço cênico atual (um palco-pista, como um sambódromo) para a desejada "apoteose" do teatro de estádio no terreno de trás, hoje um estacionamento.
Nascido de uma colaboração inédita entre os arquitetos e a companhia teatral, o teatro Oficina é um dos maiores patrimônios da cultura brasileira viva e um exemplo de radicalidade única no mundo. Radicalidade que não nasceu nem se alimentou de caprichos ou meros interesses expansionistas, mas, ao contrário, de uma necessidade artística: um auto-sacrifício ritual, masoquista como a própria estética tropicalista. Essa é a história inscrita no seu espaço, e determinante na decisão aparentemente insana de se demolir o antigo teatro para a construção do atual, acarretando mais de uma década de impasses em que o Oficina permaneceu em ruína.
O projeto anterior, feito por Flávio Império, "aproveitava" a estreiteza e declividade do lote construindo uma única arquibancada em frente a um "palco italiano". Ocorre que, com o tempo, o experimentalismo vanguardista da dramaturgia ultrapassou a sua estrutura física, ainda presa ao ilusionismo estático da caixa cênica. Era o coro que tomava posse do espaço, em uma concepção de encenação que tendia para o ritual, abandonando o paradigma do teatro como um lazer burguês, e radicalizando sua condição de festividade de massa, em aproximação com o Carnaval. Inspirado na tragédia grega e no teatro nô japonês, o projeto de Lina Bo Bardi e Edson Elito assumiu o terreno existente como uma pista em rampa, um "teatro de passagem", ligando a rua a um parque festivo.
Com o poder da grana e das "leis do mercado", Silvio Santos vem comendo por fora e cercando o teatro, ameaçando encapsulá-lo. Cabeça dura, e ainda mais ambicioso que o seu adversário, Zé Celso responde na mesma moeda: não faz concessões e pleiteia a cessão do terreno do "inimigo" para a construção do parque-estádio que completará o projeto original do Oficina. Sua ousadia desafia um dos maiores tabus da nossa sociedade: o direito de propriedade. Pois ele bem sabe que se o Brasil for capaz de eleger e cultivar os patrimônios que o mantêm vivo, Davi poderá vencer Golias.
domingo, março 18, 2007
VQP - PAZ, AMOR E ANÚNCIO
VQP - DUAS BOAS MATÉRIAS
- A matéria de Marcelo Bortoloti sobre o drama da modelo Bia Furtado, queimada em um ônibus incendiado por traficantes no Rio de Janeiro, é emocionante.
VQP - KANITZ JURA QUE NÃO JUROS
VQP - O DESMATAMENTO NÃO GOSTA DE ÍNDIO
“Pergunto, muitíssimo indignado: até quando órgãos públicos como a Funai e o Ibama serão gerenciados por pessoas incompetentes? Num país onde não há governo central, os dirigentes de órgãos e autarquias deitam e rolam, praticando as mais absurdas estripulias. Desconsideram as leis e o mais elementar bom senso, como ocorre com o Ministério do Meio Ambiente na demarcação de áreas de preservação sobre fazendas produtivas. Até quando?
Fernando Nunes da Cruz
Colíder, MT
Funai, ONGs, Cimi. Poderíamos chamá-los de terroristas do meio rural brasileiro. A pretexto de proteger nossos índios e minorias, espalham mentiras, pobreza, fome e, principalmente, preservam um imenso pedaço do território brasileiro como reservas indígenas para que países do Primeiro Mundo nos tomem quando bem entender. Parabéns ao repórter José Edward pela clareza e imparcialidade.
Luciano Barbosa
Vila Bela da Santíssima Trindade, MT”
VQP - PAPAS, PRAGAS E CHAGAS
VQP - A PREVIDÊNCIA DA SUECÍNDIA
VQP - O GRANDE IRMÃO ATACA SEU BROTHER
Marcelo Marthe assina o ataque de Veja a proposta de uma rede de TV federal, que ainda não sabemos se será estatal e pública. A mídia grande brasileira é engraçada: ela crê que a diversidade de fontes de informação faz mal para a liberdade de imprensa...Bom mesmo é o monopólio de meia dúzia de famílias...Marthe recria entre aspas os “princípios da democracia”, do próprio punho: “O governo faz, a imprensa avalia e o público julga.” Como assim, só a imprensa avalia? E quem avalia a imprensa? Vale aqui citar o final da coluna de hoje do Ombudsman da Folha de S. Paulo, Marcelo Beraba:
“Chega de estatísticas. O ponto é que, na minha opinião, as empresas jornalísticas erram ao represar uma discussão que cresce a cada dia e será incontrolável. Ao não atentarem para a importância do debate que as envolvem perdem confiança e credibilidade. O melhor a fazer é enfrentar a discussão e os questionamentos com profissionalismo e honestidade, informando, expondo claramente as suas posições sobre cada um dos temas e abrindo igual espaço para as dezenas de outras posições que convivem na sociedade e estão insatisfeitas com o modelo atual. Enquanto a discussão não for ampla, ficará sempre polarizada entre empresas e governos, e sempre tenderá à irracionalidade. A garantia do espaço para a discussão é uma das responsabilidades do jornalismo.”
O link para a coluna completa está aqui: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ombudsma/om1803200701.htm
E a definição de que o debate entre imprensa e governo sobre a comunicação é “irracional” é perfeita. As mídia brasileira, é formada de empresas familiares rançosas e ultrapassadas, cada diz mais para trás do resto da sociedade brasileira em termos de diversidade de opiniões, e cada vez mais fechadas entre si e dentro delas, na defesa de uma opinião monocórdia, principalmente em torno dos seus interesses financeiros.VQP - MAINARDI X MARTINS NO RINGUE DA GLOBO
VQP - Pauta boa de pau!
Veja 2000!
“Ao lançarmos um olhar sobre o tempo que nos separa da criação de VEJA, sobressai a constância, semana após semana, na obediência a certos princípios que definem o que se chama de "linha da revista". Um deles é a busca incessante – muitas vezes até temerária – pela informação exclusiva, confiável e independente. Outro é a preocupação em fornecer ao leitor análise clara e honesta sobre os fatos relatados, contextualizando-os no tempo e no espaço.
O Brasil é o único país do mundo em que uma revista semanal de informação é a revista de maior circulação. VEJA alcançou esse posto graças à aprovação de seu jornalismo por milhões de leitores e milhares de anunciantes, com os quais forma uma comunidade unida na defesa da democracia representativa, das liberdades individuais e da livre iniciativa.”
“Análise clara e honesta sobre os fatos relatados”. Beleza então.
No especial sobre suas 2000 capas, diz o seguinte:
“Uma grande revista precisa ter coração, consciência e pontos de vista francos. Precisa ter isso tudo em cada uma de suas edições durante décadas. A consistência é qualidade nobre.”
Tá certo, então...
VQP - Assim se reescreve a história
No especial, Veja tenta distorcer uma das maiores polêmicas da sua história. A cobertura da morte de Elis Regina. Para isso a ofende de novo com um quadro intitulado “a cantora do contra – como Veja”. Não. Elis não era simplesmente “do contra”, ainda que se definisse assim, de forma modesta... Muito menos como a Veja.
- Em outro quadro, Veja lembra a capa e a pergunta de dar uma “banana” para o mercado americano foi coragem ou estupidez. “A realidade deu a resposta: estupidez.” Engraçado é que é difícil achar meia-dúzia de analistas internacionais que subscrevam isso. Até W. Bush falou que os países não podem dar de graça que os EUA vão querer abrir mercados para eles. Veja diz que as questões comerciais se tornaram muito sérias e complexas para ficarem nas mãos do Itamaraty (que como todo mundo sabe, é formado por gente muito burrinha...) e que houve predomínio do ideológico sobre o racional na política externa. Acho que é o contrário. Veja que sofre da síndrome de “Marquinhos” (ver Sobrinhos do Athayde...)
Veja ainda ressalta entre as capas às edições 1905, que detonou a crise do mensalão, e a 1912, que derrubou em uma tarde José Genoino da presidência do PT. Foram, de fato, as suas duas melhores edições na crise. A matéria de capa da 1912, particularmente, é perfeita e irreprensível. Por isso derrubou Genoino. Ou seja, até eles sabem a diferença de quando acertam e de quando forçam a barra, como na 1956, quando foram cúmplices de Dantas em uma tentativa de armação de contas no exterior de Lula e alguns ministros, um episódio de quinta...