sábado, fevereiro 16, 2008

Sangue Negro - There will be blood

O novo filme de Paul Thomas Anderson é incrível. Uma obra-prima, com uma atuação de arrepiar de Daniel Day-Lewis como Daniel Plainview, um desbravador de petróleo obcecado e obstinado em fazer fortuna. Tenho que concordar com a crítica da Veja, IsaBela Boscov ( :) ) que o filme traz algo de muito Kubrick nele, nos planos, no uso da música, no cinema trabalhado ora com pouco diálogo, ora com um texto e atuações impressionantes. Os planos são na medida: os amplos para dar conta da ambição e dimensão da empreitada de Plainview, e os closes no rosto complexo e cheio de emoções contraditórias de Lewis. Nos closes, incrível é a cena do batismo de Plainview.

Outra coisa. Faz parte de Sangue Negro ser cinema tão bom por também ser um filme muito, mas muito atual e político. De certa forma, é também sobre Bush. Não de maneira vulgar ou direta. Mas sim de forma inquisitiva, provocadora e radical, no sentido de ir a raiz do tema e dela extrair algo que perdura muito além de Bush e sua gangue. Afinal, o filme traz o conflito entre a competição e a ambição desmedida da busca da riqueza material, aliás a do petróleo, "contra" o fanatismo religioso. Na realidade, a ambição "empreendedora" está em combate com ele, mas também ao lado, usando-o e deixando-se ser usada.

Com apenas 37 anos, Anderson já produziu Magnólia e Boggie Nights, e agora faz talvez seu melhor filme, que ao invés de um painel, mergulha na figura complexa que lhe deu Lewis, um verdadeiro co-autor do filme. É, junto com Tarantino e Gus Van Sant, a grande trinca do cinema americano atual.



PS1: As menções "anti-socialistas" da Veja ao filme, e as tentativas de dizer que de alguma maneira ele engrandece o espírito "empreendedor" são ridículas. O filme respeita a bravura e o código do personagem, está longe de ser maniqueísta ou retratar Plainview como um simples canalha, mas mostra a tragédia deste "espírito capitalista" desmedido.

PS2: O fato de parte da crítica norte-americana se dedicar a bobagens como "não há mulheres no filme"...é inacreditável. Não há mulheres em Dr. Fantástico, do Kubrick, não há mulheres em garimpos, não há muitas mulheres em vestiários de futebol...caramba, são simplesmente mundos masculinos. O que raio isso tem a ver com a obra de arte em si....

PS3: O crítico da Folha Cássio Starling Carlos comparar Paul Thomas com o o outro Anderson, o Wes, ambos como "talentos a serem confirmados"....é ridículo. Wes é um diretor superficial, imaturo e perde seu talento em maneirismos pop, muito, muito, mas muito abaixo da coragem e inteligência de Paul Thomas. Aliás, que criticazinha inútil...

Um comentário:

Anônimo disse...

Críticos de cinema já são um porre. Crítico de crítico de cinema é um porre ao quadrado. Um duelo de pedantismo infernal...