terça-feira, abril 26, 2005

DECLARAÇÕES DE BRINCADEIRA - PARTE 2

A segunda cara-de-pau do dia vem de Xico Graziano, em artigo na página 2 do Estado de S. Paulo. Graziano é um inimigo feroz da reforma agrária, embora não admita, e costumava a dizer que com os ganhos de tecnologia e eficiência do agronegócio a reforma era "coisa do passado". Pois bem. Foi só o governo querer atualizar os índices de produtividade que pararam em 1975, que Graziano sai bradando que o governo impôs uma "espada de Dâmocles" sobre o agricultor. No seu artigo, mais do que questionar o índice, questiona o que está atrás dele, que é o princípio constitucional de uso social da terra. "Primeiro, garantam a renda e a produção do agricultor" - Pede. Ué, mas não eram os assentamentos que nunca seriam independentes do governo? Não era o MST que vivia nas tetas do Estado? Este artigo desmistifica esta história de que, em termo políticos, de um lado tem o agronegócio, de outro os improdutivos. Há uma relação política e econômica entre as grandes propriedades produtivas e as improdutivas para especulação imobiliária e expansão das fronteiras agrícolas (via desmate, grilagem, trabalho escravo etc...). E que embora sempre defendam em tese a reforma agrária - "Ninguém é contra a reforma agrária, se criteriosa e bem planejada", diz Graziano, sempre serão contra qualquer instrumento que, na prática, se aproxime de implantá-la de verdade, mesmo que apenas em terras improdutivas.

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