terça-feira, março 27, 2007

VQP - Sonegando informação...

A matéria de capa da Veja é boa, noves fora fazer baião de dois para a instalação da CPI do Apagão Aéreo, o que é do jogo e do direito. Ela só tem um porém, que é um grande porém. Por que fingir que o problema da infraero e da falta de investimentos em infra-estrutura portuária é apenas de corrupção e má gestão, e esconder que o governo contingência recursos bilionários arrecadados de taxas cobradas dos consumidores, para fazer superávit primário? Ou seja, que o próprio setor gerou receita, que deveria resolver seus problemas, mas que esta foi desviada para pagar juros? Por que na matéria “A infraero não informa” a Veja não informa isso...


Sonegar informação para defender de forma exagerada seu fanatismo neoliberal também ocorre na matéria “Maior, mas do mesmo tamanho” sobre o PIB brasileiro. Último parágrafo da matéria:

“Os novos cálculos deixaram o Brasil ligeiramente melhor na fotografia internacional. Mas nem por isso desapareceram as travas que emperram o desenvolvimento. Ou, pior, como temem alguns analistas, o governo pode se inebriar com o seu "quase pibão" e enterrar de vez as reformas sem as quais não haverá como o país entrar em rota de crescimento duradouro. O "novo PIB" dá a dimensão do drama: a gastança pública foi maior do que se imaginava. Já a poupança e os investimentos ficaram menores. (grifo meu) E aí não há milagre estatístico: sem poupança e sem investimentos, o "pibinho" nunca será "pibão".”

Sobre o trecho em negrito, duas coisas: não se sabe como Veja diz, a partir do PIB, que os gastos do governo cresceram, já que o novo PIB não afeta os números absolutos dos gastos do setor público, e os reduz em termos relativos (carga tributária/PIB), informação sonegada aos leitores da revista porque contraria seu discurso ideológico. Assim como foi sonegada a queda da relação dívida PIB, provavelmente a conseqüência mais importante do novo número, junto com ele forçar os ortodoxos a refazerem suas contas de “PIB potencial” (o máximo de crescimento possível do país sem afetar a inflação) o que tem efeito nos debates sobre a taxa de juros.

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