Um amigo apontou os problemas do seguinte trecho da matéria:
“No passado, o governante de plantão interferia nas cotações para beneficiar esse ou aquele setor. Em todo o mundo, tal modelo fracassou e foi abandonado, porque trouxe endividamento, inflação e baixa produtividade.”
O autor da "matéria", o “brilhante” jornalista econômico Giuliano Guandalini, só esqueceu da Índia e da China, onde isso acontece e é a região global de maior crescimento econômico (embora este crescimento ocorra sobre uma base de PIB per capita ridícula). Óbvio. São dois países pequenos, fáceis de passar despercebidos no mapa. Afinal a China e a Índia são até citados em outro trecho da matéria... E o tema do baixo valor da moeda chinesa, mantido artificialmente, só é tratado por autoridades norte-americanas o que, toda a semana?
Na coluna que mostra que a moeda brasileira foi a que mais se valorizou em relação ao dólar, Veja não nota que assim como no fato dos nossos juros serem os mais altos do mundo, há sempre algo de estranho em ser o “mais” alguma coisa em economia. A moeda brasileira se valorizou 58%. O grupo que vai do segundo ao quarto lugar, logo atrás do Brasil, com valorizações entre 54% (Eslováquia) e 39% (Polônia) são todos países que aderiram a União Européia recentemente, o que explica em grande parte tamanha valorização das suas moedas em relação ao dólar. Isso mostra como a valorização brasileira está acima do tom, porque países em processos mais ou menos “normais” estão 20 pontos percentuais para baixo da nossa valorização, que aliás, sequer parou...
Três boas sugestões (de mercado) para impedir uma valorização excessiva do real foram dadas pelo empresário Boris Tabacof, na Folha de S. Paulo de sexta-feira:
“1) rápida redução dos juros, o que não representa riscos de inflação, que seria a meta de chegar a 6% de juros reais, dito explicitamente pelo Banco Central;
2) eliminação da isenção de 15% de Imposto de Renda sobre os ganhos dos investidores estrangeiros em títulos públicos federais;
3) tributação crescente sobre rendimentos de capitais que ingressam para ganhar na arbitragem dos juros, por exemplo, pegando-se empréstimos com taxas japonesas muito baixas e trazendo para a aplicação em títulos com juros brasileiros, o que dá um lucro garantido de, no mínimo, 6% ao especulador financeiro, sendo a progressividade da taxação inversamente proporcional ao prazo de permanência do investimento não produtivo no país. Além da adoção de medidas que a criatividade das autoridades de Brasília têm demonstrado com tanto sucesso na criação de constrangimentos ao crescimento da economia brasileira.”
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