segunda-feira, maio 14, 2007

No quesito público, o papa perdeu

O jornal argentino La Nación foi espertíssimo em sacar que, em termos comparativos de público, o papa perdeu para vários dos seus inimigos. Enquanto ele teve entre 600 e 800 mil fiéis, os evangélicos, chamados de "seitas" por Ratzinger, reúnem todo ano 1 milhão de pessoas em sua marcha. Já a parada dos Gay, que não deveriam existir segundo o santo padre, reuniu 3 milhões de pessoas. E o show gratuito dos Rolling Stones em Copacabana, ou seja, a cultura pop, o hedonismo, e a própria "Sympathy for the Devil" (Compaixão pelo capeta) reuniram 1,5 milhões de "seguidores". Tá certo que cada coisa é uma coisa, e deve ter tido maluco que foi quem sabe nos quatro eventos, mas o Bento e seu revival da Idade Média, fora da Idade da Mídia até que não anda tão pop assim.

Um comentário:

Zé Ricardo M. disse...

Considerei a cobertura da imprensa sobre a visita do Papa fraquíssima. Como um todo. Ninguém acertou, não compreendem qual é a da Igreja Católica e tratam o Cristianismo como bula de remédio. É terrível: as críticas não vão a ponto algum.

A Igreja Católica é uma instituição secular e histórica. Ao mesmo tempo, é a empresa mais antiga do mundo - nenhuma outra durou 2 mil anos. E isso principalmente porque não visa, de modo algum, ao curto prazo. Têm em si a idéia de ser humano por eles concebida como a melhor possível e trabalham em cima disso.

A Igreja não serve para legitimar o comportamento do ser humano, porque este é muito mutável ao longo do tempo. Possui sim uma idéia fixa, inalterável conforme as condições históricas, baseada na concepção de um mundo por eles entendido como mais justo e benéfico a todos.

Ela erra? Evidente que sim, várias vezes já errou. Mas, ao se comportar desse jeito, defende o que sempre defendeu, é coerente com a sua história, os seus dogmas e sobrevive. É melhor isso do que se modificar toda hora, para atrair mais fiéis. Certamente perderia o respeito dos que mais acreditam nela, e isso não pode fazer de modo algum.

Desta forma, tanto faz se dessa vez existiam menos ou mais fiéis. Porque sempre haverão os que acreditam nela, e estes são vários. Quando aos que se desalinharem, muitos irão ainda voltar atrás. E isso não é previsão, futurologia: sempre foi assim.

Parte da imprensa sabe disso, mas a cobertura foi pauta pelo imediatismo, pra "injetar pimenta" no noticiário. Não há como fazer análises mais frias (frias...) e consistentes, nesse caso.

Porque, em si, eles não estão tão preocupados com baixa audiência, no momento. A crítica é, portanto, vazia de significado.