De um jornalista brasileiro, Pepe Escobar, mas em inglês e publicado em um jornal chinês, o Asian Times... Sinal dos tempos. Mas o artigo é brilhante, ao cruzar os problemas sociais e ambientais da produção de cana-de-açucar as questões estratégicas e geopolíticas etc...Eu tenho algumas "adições". É improvavél que o etanol substitua o petróleo, totalmente, hoje ou amanhã. Ele nitidamente vai cumprir um papel de transição, e misturado a gasolina. Por isso, é viagem achar que ameaça a Venezuela ou demais produtores de petróleo de forma consistente hoje. Ou que seja o futuro.
O futuro energético, a aposta de longo prazo reside muito mais nas células de hidrogênio. Ou seja, o etanol será um ciclo, ainda que longo e lucrativo. A "mundialização" do etanol irá mudar as mãos da propriedade no interior de São Paulo, com risco de descapitalização em um segundo momento, já que os lucros gerados sairão de lá para os investidores distantes. Se não tomarmos cuidado, de donos da tecnologia e gestores viraremos as "maquiladoras" do etanol.
A outra questão é que hoje, a existência da taxa norte-americana é indiferente, porque há mercado para tudo que o Brasil exporta de etanol e qualquer coisa que o Brasil venha a produzir. Se eles não baixarem, vende-se para o Japão, União Européia etc...Caso ela caia, haverá o risco dos norte-americanos "engolirem" toda a produção interna, causando desabastecimento.
Não é necessariamente ruim o etanol promover desenvolvimento no Haiti e na América Central. Mas como o texto de Pepe aponta bem. é o velho modelo de quintal e plantation das relações EUA-AL.
Quanto ao "Brasil apostar em uma monocultura" é a questão daquela mentalidade: o país descobre algo e acha que isso vai ser uma espécie de solução mágica, seja petróleo, soja ou agora etanol. Quando não há solução mágica e tem que se investir acima de tudo em gente, e no mais diversos campos econômicos possíveis.
Se a vantagem comparativa dos custos de produção do país são tamanhas, seria sensacional aproveitar e crescer mesmo as exportações de etanol, cuidando para não sobrevalorizar o câmbio, não atrapalhar a produção de ambientes, e reparando com os recuros os custos sociais e ambientais de sua produção. Compartilhando com a sociedade os ganhos desta indústria, com impostos justos e principalmente com os cortadores de cana, com salários dignos. Infelizmente nosso histórico e presente como sociedade não é esse.
Uma curiosade tola passa pela minha cabeça: o que Cuba, historicamente produtora de cana-de-açucar, hoje um setor em crise na ilha, e historicamente dependente de combustível externo, acha desta história toda?
quinta-feira, março 15, 2007
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