A imprensa brasileira parece não se cansar de estar errada em suas análises de política externa. Lembram-se de como diziam que o “comando duplo” entre Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia ia dar errado? Como tentavam jogar um contra o outro? Bem, não deu errado e nunca bem houve um comando duplo (as funções eram diferentes), mas e daí? Agora, existe o “anti-americanismo” do Itamaraty, que convive, em estranha relação inversa de causa e efeito, com um bom momento da relação entre os dois países (não que esta tenha sido muito útil para alguma coisa, para nós ou para a Colômbia...). Duda Teixeira, na matéria da visita da Bush ao Brasil escreve o seguinte:
“O outro propósito é dissipar os deslizes da diplomacia brasileira, que nos últimos quatro anos insistiu numa política ideológica de privilegiar a aproximação e o comércio com países pobres. "As circunstâncias externas atuais criaram um momento único em que o Brasil é de longe o país da região com a melhor relação com os Estados Unidos. Só precisamos aproveitar isso da melhor maneira possível", diz Roberto Abdenur, ex-embaixador do Brasil em Washington. “
Tá, tá: esta circunstância advém em parte do Brasil ter mantido diálogo aberto com os “radicais”, como Venezuela e Bolívia, diferente da Colômbia, e diferente do que propõem desde sempre os conservadores. Entre eles, Celso Lafer, ex-chanceler, que dá a seguinte declaração:
"As três bandeiras da diplomacia brasileira no primeiro mandato de Lula fracassaram", diz o ex-chanceler Celso Lafer. "Não conseguimos um lugar no Conselho de Segurança da ONU, a Rodada Doha não evoluiu e não avançamos na integração da América do Sul."
É o tipo de declaração que nos faz perguntar quais eram as bandeiras e o que conseguimos quando Celso Lafer era o chanceler dos pés descalços...Aliás como se estes objetivos fossem fáceis, rápidos e/ou dependessem apenas do Brasil. Parece que foi por causa do Itamaraty que não saiu rodada de Doha (piada 1), que um monte de países conseguiram intento simples de entrar no conselho de segurança (piada 2) e que antes, quando não havia plano de infra-estrutura e o Mercosul ainda estava pior do que hoje, a integração sul-americana andava melhor.