A matéria até que certinha da capa da Veja sobre financiamento para a casa própria, que até ouve Raquel Rolnik, do ministério das Cidades, não reconhece que foi uma alteração de regras impulsionada por este ministério que fez aflui recursos para o crédito imobiliário. Ao menos reconhece que a facilidade de acesso ocorre em parte pela queda dos juros. Financiamento da casa própria e investimentos em infra-estrutura são só duas das áreas que mostram como é doloroso e segura um país a existência de juros aberrantes a financiar um capital financeiro “funcionário público” que pendura seu paletó nas altas taxas da Selic. Veja ainda entrevista Hernando de Soto. A proposta de títulos de propriedade defendida por Hernando de Soto (e pelo Banco Mundial) mistura alguns elementos de reforma urbana de esquerda, ao regularizar e dar títulos de posse em áreas irregulares como favelas, com princípios legalistas e “ingênuos” de direita, e por isso mesmo, pode tanto melhorar a vida, se for feita com outros investimentos, como piorar ainda mais as condições dos mais pobres, ao elevar os custos de vida e tornar a própria a favela inacessível (o que de certa forma já ocorre hoje para alguns grupos). Uma crítica demolidora da proposta de Soto se encontra no livro de Mike Davis, Planeta Favela, publicado pela Boitempo Editorial (onde eu trabalho...). Mas é inegável que ela tem aspectos interessantes.