Seguem abaixo os trechos mais grosseiros do registro de duas mortes pela Veja. Grifei o pior no pior
Morreram: dom Ivo Lorscheiter, bispo de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Durante o regime militar, à frente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ele denunciou as torturas e os assassinatos de esquerdistas nos porões dos quartéis. Lorscheiter foi um dos principais defensores da Teologia da Libertação, uma excrescência saída da cabeça de padres ideólogos latino-americanos que tentava conciliar cristianismo e marxismo. (...)O bispo também apoiou a criação de bandos armados que, a pretexto de lutar pela reforma agrária, deram origem ao MST. Dia 5, aos 79 anos, de falência de múltiplos órgãos, em Santa Maria.
• o ensaísta francês Jean Baudrillard. Sociólogo de formação, ele ganhou fama escrevendo textos obscuros, muito populares nos cursos de semiologia. Baudrillard fazia arrepiar de entusiasmo o pessoal da pós-graduação, com seu papo-cabeça sobre a "virtualidade" do mundo contemporâneo. Dizia, por exemplo, que a Guerra do Golfo "não existiu". A trilogia cinematográfica Matrix faz menção a suas idéias. Talvez ele tenha sido mesmo um bom autor de ficção científica. Dia 6, aos 77 anos, de câncer, em Paris.
Sobre Lorscheiter, impressiona o detalhe de que ele foi contra a tortura e assassinato “de esuqerdistas”. E não contra a tortura e assassinato, ponto. Também a de que ele apoiou “bandos armados”, o que é uma passagem leviana e incompreensível. Olha, não tenho entusiasmo nenhum por Baudrillard, de quem li pouca coisa, e gostei menos ainda do que li. Mas o desprezo, a arrogância e estupidez das inovações “gráficas” da Veja, adepta de uma “estética da grosseria” que rola no jornalismo atual (com muitos outros adeptos por aí, e que tem sua matriz no neoconservaodirsmo by Rupert Murdoch nos EUA) que eu tenho muito dificuldade de apreciar. Se foi tão irrelevante, porque noticiar, e mais ainda, porque noticiar e tripudiar na hora de sua morte...