Juca Kfouri tem toda a razão na sua coluna de hoje sobre a decadência da seleção brasileira. Vale apontar no único sinal que entende a capitânia hereditária do futebol brasileiro, a CBF, que a seleção alemã, segundo a Nike, vale oito vezes mais dinheiro que a brasileira. O time é formado apenas por jogadores do exterior, cada vez mais com gente que nem teve tempo de ser conhecido aqui, só joga no exterior, e vive um patético oba-oba de Galvão Bueno, Tino Marcos e "Expresso da Bola" (vulgo, Globo) que impede que se critique o status quo. O futebol brasileiro deveria estabelecer um acordo em torno de uma idade mínima para transferência de jogadores (nem que fosse 21), e vender jogadores só na janela de vendas do fim-do-ano no mercado europeu, evitando que as equipes aqui se desestrutarem no meio da temporada. E parte dos milhões ganhos sem esforço pela CBF com a seleção masculina, deviam ser usados para estruturar uma seleção feminina, um campeonato ou programa de estímulo para o futebol feminino.
Mas enfim, para começar o governo deveria, inclusive para a organização da Copa de 2014 "enquadrar" a gestão "latifúndio", que não presta contas a ninguém, de Ricardo Teixeira. Mas tá tudo "dominado". Se CBF-Lula e demais políticos-Globo se fecham entre eles, se tá tudo bem entre eles, como conseguir mudar a situação?
Depois se nega férias e se compra brigas com Kaká e Ronaldinho Gaúcho, como se o problema fosse só eles...
A seleção desprezada
Não são apenas as estrelas brasileiras que não têm mais grandes vínculos. O torcedor também se afasta
A CBF começa a colher o que plantou ao dar força ao modelo exportador de pé-de-obra que assola nosso futebol. Ao nada fazer para impedi-lo por meio de uma organização mais racional e rentável, ao contrário, ao incentivá-lo por imaginar que facilita a formação de seu time para jogar no exterior, a entidade passa a ter de conviver com as recusas das maiores estrelas. Porque acabou aquela história de a seleção ser a pátria de chuteiras. É, no máximo, a caixa registradora de chuteiras. E, se assim é, assim passa a ser tratada por quem tem mais a lucrar ao olhar para o próprio umbigo, e para o próprio bolso, do que para a seleção. Não vivemos no primado das individualidades? Ora, é cristalino o direito de férias dos atletas, período em que, também, eles aproveitam para gravar mais campanhas publicitárias altamente remuneradas.
Por que o calendário mundial do futebol não é um só, de modo a evitar tais excessos?
Por que a Eurocopa é disputada a cada quatro anos, e a Copa América, a cada dois?
Para que se enfiar na Venezuela para disputar uma Copa América que não leva um torcedor brasileiro às ruas em caso de vitória e desencadeia crises em caso de derrota?
Como exigir de um Kaká, às voltas com a decisão da Copa dos Campeões, que tenha cabeça e músculos para digerir um torneio que é disputado em seu sagrado período de descanso?
Fosse a Copa do Mundo, vá lá, por mais que Ronaldinho Gaúcho, em situação idêntica no ano passado, tenha quebrado a cara exatamente por estar esgotado (como já acontecera com Zidane, em 2002). Os popstars do futebol sabem hoje muito bem como as coisas funcionam, quem ganha com o que e quanto. Com a vantagem de serem aplaudidos onde vão, ao contrário dos cartolas, tratados como merecem nos estádios, nos restaurantes e nos calçadões, que nem podem freqüentar, quando muito notórios. E cada vez o torcedor quer saber mais de seu clube e menos da seleção, que passa anos e anos sem jogar no país, mero produto para consumo externo.
Polêmicas e vaias a seleção sempre causou, desde tempos imemoriais. Os momentos de unanimidade são raros, mas o fato é que havia paixão em torno dela. Hoje a seleção é muito mais um saco de pancadas, porque os vínculos se perderam através dos anos, não só os dos atletas, como se vê, mas também, e por causa, os dos torcedores, por mais que os ufanistas de plantão se esgoelem para tentar manter uma imagem que está morta e sepultada. Até o presidente da República disse que prefere ver os jogos europeus, como se também não tivesse responsabilidade, ao andar de braço dado com a cartolagem e a esta se curvar, deslumbrado.
Daí, Lula ouve de Pelé um apelo para combater a corrupção em nosso futebol, embora o Rei tenha dado oxigênio, a mão e o abraço no deprimente "Pacto da Bola" com os cartolas, em 2001, fartamente responsável por tudo ter voltado à estaca zero, na consagração da impunidade que de novo denuncia. Mas a seleção paga o pato.
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