quarta-feira, julho 13, 2005

REPORTAGEM SENSACIONAL

Porque a grande imprensa, revistas cheias de recursos, não fazem tantas matérias espetaculares como essa, interessantíssima, sobre a comunidade de imigrantes angolanos que vive no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Publicada pela revista Problemas Brasileiros (taí uma publicação que nunca vai ter falta de pauta), de Maurício Monteiro Filho, trata da descoberta de um país, com toda a violência do tráfico de drogas, bem diferente do que aquele que os angolanos conheceram através das novelas da Globo:

Angolanos que fugiram da guerra enfrentam fogo cruzado

terça-feira, julho 12, 2005

CAIU DO CÉU

Ontem, o Caderno 2 (página D8) publicou texto e fotos maravilhados com a cantora Maria do Céu, que se apresenta nas noites de segunda-feira no Grazie a Dio, na Vila Madalena. Depois de uma noite com seu show, entendi o texto. O jornalista se apaixonou e se você não quer se apaixonar pela moça, não apareça por lá. Dona de voz e presença de palco maravilhosa, tem o canto das sereias, uma banda afiada que faz uma boa mistura de ritmos africanos, do samba e candomblé, ao afrobeat e funk. O curto show conquista. É muito bom ver algo que pode ir tão longe ainda em seu começo.

quinta-feira, julho 07, 2005

FUNK CARIOCA GOES GLOBAL...

O caminho do pleo qual o funk carioca está dominando o mundo, por Claúdia Assef, na revista Beatz...

Planeta Funk

quarta-feira, junho 08, 2005

PARÓDIA HILÁRIA DE STARW WARS...

Neste site tem uma excelente "versão" de Star Wars (em inglês), "interpretado" por vegetais. É a batalha dos vegetais orgânico contra o lado negro da "The Farm". Luke Skywalker é um pepino e Darth Wader uma batata: http://www.storewars.org

segunda-feira, maio 23, 2005

SOBRE AL-JAZEERA

Texto interessante, em inglês, sobre o projeto de canal global, em inglês, da rede Al Jazeera.

Watch Out World: Al-jazeera Is Going Global

sexta-feira, maio 13, 2005

2 DICAS SENSACIONAIS

De frente para o crime - Reportagem do jornalista Sérgio Costa sobre Bem-te-vi, o líder do tráfico na Rocinha. Entre a calçada do chopp do Bracarense e o bar da favela com pistolas e maconha ao redor, um texto sensacional daqueles que só a insani-cidade do Rio sob fino olhar e pena podem proporcionar.

Filme de areia - Crítica de Ricardo Calil ao filme Casa de Areia de Andrucha Waddington. O filme vinha recebendo aquelas críticas que dão voltas, meio burocráticas, entre o simpático e o medo da poderosa panelinha. Estava precisando mesmo era uma crítica direta, sem rodeios, dizendo o que pensa mesmo. Cada dia mais fã do sujeito... Se fosse reeditar a Realidade, colocava Pedro Alexandre Sanches para cobrir música, e o Calil para cobrir cinema.

terça-feira, maio 03, 2005

DICAS DE LEITURA DO nominimo

Fazia tempo que não lia o nominimo. Li e "roubarei" os melhores links-textos do site. Divirtam-se

Sobre como dinheiro público pode escorrer por entidades sem fins lucrativos. O caso é no Rio de Janeiro, mas a adusp (www.adusp.org.br) vem estudando o tema faz tempo:

A Fesp é uma festa de Xico Vargas

A Censura sabia o que fazia Sensacional texto de Ricardo Calil, sobre livro que deve ser igualmente ótimo, sobre pesquisa hiper-pertinente sobre a atuação da censura contra o cinema brasileiro. Imperdível.

Ronda cinematográfica: filmecos Mario Sergio Conti comenta em breves notas suas últimas idas ao cinema


Tchau, Romário. Alô, Kerlon de Roberto Benevides, a profusão de craques brasileira encontra no drible da foca de Kerlon, os brasileiros mais uma vez reinventam o jogo...

Bom Dia, Arte Sou fã de Ricardo Calil, que aqui escreve sobre o filme Bom dia, noite , que ainda quero ver.

TERCEIRIZANDO A CRÍTICA

Ainda bem que tem gente com mais informação e talento que eu para afzer a análise da Veja desta semana. Segue abaixo, texto de Gilberto Maringoni sobre a última edição da revista. Cabe dizer, do muito mais que o próprio autor assinala que poderia ser dito, que a matéria não "ouve os dois lados", estilo Manual da Folha. Não existe partidário nenhum de Chávez nela, isso apesar dele ter 60% do apoio da população. E que o golpe de dois anos atrás, não existe na matéria, ou um retrato das credenciais "democráticas" (ironia) de grande parte da oposição venezuelana também não.
A matéria também não encampa o contraditório e o interesse que residem no fato do país ser um dos maiores fornecedores de petróleo para os EUA, mesmo hoje, no governo Chávez.

Quem precisa de Veja?

GILBERTO MARINGONI - Agência Carta Maior
2/5/2005

Em matéria de capa, revista acusa Chávez de ameaçar estabilidade na América Latina, repetindo recado de Condoleezza Rice. Veja, que exaltou o golpe de abril de 2002 contra Chávez, tenta firmar-se como o maior panfleto da direita brasileira.
Veja se autoproclama uma “revista semanal de informação”. Para obter sucesso, conta sempre com a falta de informação e de memória alheias. Veja, não nos esqueçamos, apoiou Collor no início. Em dezembro de 1994, chegou a classificar, em matéria de capa, o Plano Real como “O novo milagre brasileiro”. Para atacar o MST, não teve dúvidas em adulterar uma foto do líder do Movimento, João Pedro Stédile, ou de falsear informações sobre a luta pela terra.
Atravessado na garganta de Veja está o presidente da Venezuela, Hugo Chávez Frías. Os motivos são basicamente dois. Um é – chamemos as coisas pelos nomes – ideológico. Veja soma-se ao ódio de fundo – pelos nomes, pelos nomes! – classista, racista e político devotado ao mandatário venezuelano pela mídia de seu país, que o sataniza ao ponto de concluir tratar-se de um débil mental. A pauta é ditada pela imprensa estadunidense mais conservadora, tendo o Washington Post à frente. Veja acha que Chávez não é democrático. Até aí, é um direito de quem manda na publicação.

Estragou uma capa

Mas o ódio de Veja tem por base um outro elemento, mais concreto. Chávez estragou uma capa que deve ter dado muita satisfação à alta direção da empresa da família Civita. Recordemos a chamada de capa do número 1.747, datada de 17 de abril de 2002. A edição fechava na noite de sexta-feira, 12 de abril. Menos de 20 horas antes, a oposição a Chávez – composta por membros do empresariado, em aliança com o alto comando das forças armadas, setores da burocracia petroleira e a Casa Branca – consumara um golpe que o retirara do palácio de Miraflores, acabando com as instituições democráticas do país. Veja não teve dúvidas. Sapecou na capa a chamada “A queda do presidente fanfarrão”.
Na página 45, a revista sentenciava:
"Chávez se considerava um Robin Hood bolivariano. Era mais um bufão, que entretinha o povão com programas de televisão em que se portava mais como animador de auditório do que como presidente. Sua queda foi recebida como boa notícia no mundo: melhorou o índice risco-país da Venezuela, a bolsa de Caracas disparou (alta de 8%) e o preço internacional do petróleo caiu 9%".
Todos sabem o resto da história. Quando chegou às bancas, na manhã de domingo, a edição estava para lá de velha. Milhões de venezuelanos nas ruas e uma inédita divisão do exército abortaram o golpe. Veja sequer pediu desculpas aos leitores pela barriga, na semana seguinte. Se os fatos não se ajustam à manchete, danem-se os fatos, parece ser a máxima da direção de Veja. Imperdoável a petulância do mestiço em teimar voltar ao poder e estragar uma manchete do maior semanário brasileiro do mundo!

Condinha paz e amor

Agora, Veja volta à carga na edição desta semana, aliás, primorosa no que revela de sua linha editorial. A capa é eloqüente: “Quem precisa de um novo Fidel?” Encimada pela expressão carrancuda do líder venezuelano, a manchete logo emenda: “Com milícias, censura, intervenção em países vizinhos e briga com os EUA, Hugo Chávez está fazendo da Venezuela uma nova Cuba”.

A entrevista das páginas amarelas é com a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice. O tom é todo Condinha paz e amor, como se vê pelo trecho seguinte: “Mesmo quando a missão inclui assuntos mais comezinhos, como as encrencas de Hugo Chávez na Venezuela e as hesitações brasileiras na Alca, Condi tem se saído extraordinariamente bem na Operação Simpatia. Sua espetacular história de sucesso a precede: nascida no coração racista da América, entrou na faculdade aos 15 anos, formou-se aos 19, doutorou-se com 26. Pianista, especialista em relações internacionais e fluente em russo, chegou a reitora de Stanford e, embora negue quase que diariamente, o caminho da Casa Branca é uma possibilidade no horizonte”.
Não há encrencas COM Hugo Chávez, mas encrencas DE Hugo Chávez, de acordo com o olho da entrevista. O pingue-pongue pauta a edição. Mas a grande arte está lá pelo meio da revista, sob o espirituoso título “O clone do totalitarismo”. Em seis páginas ficamos sabendo, entre outras coisas, o que se segue. Alguns comentários são colocados abaixo de cada trecho.

"Chávez tem um objetivo claro: quer se tornar o grande líder de massas da América Latina’, disse à Veja o historiador venezuelano Manuel Caballero, o mais respeitado do país”. A revista conta com o desconhecimento dos leitores para fazer afirmações peremptórias. Manuel Caballero, com toda sua longa trajetória acadêmica, só é respeitado na Venezuela pelos monopólios privados da mídia e pelas elites econômicas. Tornou-se um destemperado e folclórico opositor de Chávez, a que volta e meia a imprensa estrangeira recorre em busca de frases bombásticas.

"Chávez dá dinheiro e apoio político e técnico para movimentos de esquerda latino-americanos".Sequer a CIA consegue levantar uma única evidência de que tal fato esteja acontecendo.

"Venezuela substituiu a União Soviética como patrocinadora do regime castrista em Cuba, fornecendo petróleo e abastecendo o país de bens de consumo industrializados, tudo a preço simbólico ou a fundo perdido".Não há preço simbólico ou fundo perdido. Há um acordo, firmado em 30 de outubro de 2000, pelo qual a Venezuela fornece a Cuba 53 milhões de barris diários de petróleo – metade do que a Ilha consome – a preços de mercado, com prazo de carência de até 15 anos. Além de pagar, Cuba compensa as condições de financiamento mediante o fornecimento de serviços médicos, educacionais e esportivos, além de remédios, vacina e açúcar. A íntegra do acordo pode ser lida em: http://www.asambleanacional.gov.ve/ns2/leyes.asp?id=175 Seria bom aos elementos responsáveis pelos textos de Veja darem uma lida antes de mentirem aos seus leitores.

"O presidente venezuelano interfere nos assuntos internos de outros países de várias maneiras".Quem interfere em assuntos de outros países é o governo dos Estados Unidos. Só Veja, ao que parece, não se dá conta disso.

"Hugo Chávez adotou um virulento discurso antiamericano".Qualquer pessoa medianamente informada sabe que isso não é verdade. Em várias oportunidades, Chávez afirmou que não tem nada contra os Estados Unidos, mas se opõe ao governo do país e suas práticas imperiais. A verdade é que Chávez tem um discurso antiimperialista.

"Ele diz a toda hora que os americanos querem matá-lo ou estão prontos para invadir o país. Até agora, de real, o que se viu foi o governo de George W. Bush evitar respostas às provocações”.Até agora o que de real se viu foi o governo Bush patrocinar, entre outras coisas, um golpe de estado. Uma recomendação aos redatores de Veja: encomendem o recém-lançado livro "El código Chávez – decifrando la intervención de los EE.UU. en Venezuela", da advogada estadunidense Eva Golinger (Fondo Editorial Question, 336 páginas). O volume é resultado de uma exautiva garimpagem em documentos oficiais do Departamento de Estado e do Departamento de Defesa, obtidos sob o amparo da Lei de Liberdade de Informação (Freedom Information Act). Em suas páginas, a autora desvenda – com fartas provas e evidências - as relações entre a entidade conhecida por NED (National Endowment for Democracy) e a oposição venezuelana, incluindo fornecimento de dinheiro e uso de chantagem política e estímulo à violência. É ressaltado ali que o embaixador estadunidense, Charles Shapiro, foi o primeiro a se reunir com o líder do golpe de 2002, Pedro Carmona. E, entre muito mais, o livro detalha – com os números de matrícula – as embarcações e aviões dos EUA que entraram em águas territoriais venezuelanas, sem autorização, durante o golpe.

"Uma das preocupações americanas decorre de compras de armas em quantidade muito acima do que seria razoável num país cujo Exército tem apenas 35.000 homens. De janeiro para cá, a Venezuela comprou mais de 7 bilhões de dólares em aviões de combate, helicópteros, navios e sistemas de radares. O pacote russo inclui 100.000 fuzis AK-47".A Venezuela tem investido nas forças armadas principalmente para defender suas fronteiras e para isso os aviões Super Tucanos são ideais. O que tem acontecido na divisa com a Colômbia é uma intensa provocação à Venezuela. As forças armadas do país presidido por Alvaro Uribe são dirigidas, armadas e instruídas pelos EUA, através do Plano Colômbia, - informação omitida por Veja - em seu combate à guerrilha das Farc, que controla 40% do país. A movimentação é clara: empurrar contingentes das Farc para o território venezuelano, na tentativa de se acusar Chávez de acobertar a guerrilha. E, claro, de cumplicidade com o terrorismo, qualificativo utilizado pela Casa Branca para classificar as Farc.

"Em 1958, um pacto garantiu estabilidade política até os anos 90, um dos mais longos períodos de democracia do continente".Ninguém sério acredita nisso. Em 1958, as elites políticas e econômicas selaram o Pacto de Puntofijo, para criar uma alternância de poder de fachada, enquanto submetia a esquerda e as forças populares a uma duríssima repressão.
A matéria tem muito mais. É impossível dizer onde está a pior parte. É um panfleto, bem ao gosto do que faz na Venezuela a imprensa local. Como ela, Veja não trafega pelos caminhos do apego à realidade. Sua matéria prima é a ficção e a lorota pura e simples. É parte do novo coro golpista que se avoluma contra um governo democraticamente eleito, tendo como repetidores outros órgãos da imprensa brasileira.
Que os Civita façam isso, é papel deles. Mais uma vez – chamando as coisas pelo nome – é papel de sua classe social. A matéria é assinada por Diogo Schelp, Ruth Costas e José Eduardo Barella. São contratados e fazem o que o patrão manda. Servir bem para servir sempre, parece ser o lema. Talvez acreditem no que escrevam. Mas não deixa de ser deprimente a existência de gente que tope assinar uma peça totalmente editorializada e anti-jornalística, apenas para manter seus proventos no fim do mês.
É certo que a vida anda difícil, mas tem um pessoal que pega pesado.

Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista da Agência Carta Maior, é autor de “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo) e observador, a convite do CNE, no processo do referendo revogatório na Venezuela.

domingo, maio 01, 2005

VEJA: CONDOLEZZAS PARA CHAVES

Em breve, assim que der um mínimo de respiro (ou seja, depois de um monte de gente), pretendo escrever um pouco sobre a Veja desta semana: o triunfalismo diante da imensa edição com 210 páginas (a revista chegou a ter em torno de 80, nos piores\melhores momentos de 2003), a entrevista com Condolezza Rice, e um panfletão ridículo contra Chávez.

CORREÇÃO JOGA 10..

Na mailing "semanal" e seminal deste blog, pela qual você pode se inscrever mandando um e-mail para assinar-papelotes@grupos.com.br, escrevi que a imprensa tinha ignorado o cartaz da campanha publicitária da Nike que desprezava os laterais-direitos. Comi bola, porque na véspera houve uma excelente matéria de capa da Folha sobre o tema. Segue o link

Campanha que exalta a 10 faz troça do "homem-Copa"

Muito boa mesmo, mostrando a superioridade da reportagem aos comentários do blog. As respostas sem muito sentido da profissional de marketing da Nike mostram como hoje em dia, profissionalmente, em comunicação, assessoria de imprensa e marketing se diz hoje qualquer coisa para ocupar espaço.

terça-feira, abril 26, 2005

DECLARAÇÕES DE BRINCADEIRA - PARTE 2

A segunda cara-de-pau do dia vem de Xico Graziano, em artigo na página 2 do Estado de S. Paulo. Graziano é um inimigo feroz da reforma agrária, embora não admita, e costumava a dizer que com os ganhos de tecnologia e eficiência do agronegócio a reforma era "coisa do passado". Pois bem. Foi só o governo querer atualizar os índices de produtividade que pararam em 1975, que Graziano sai bradando que o governo impôs uma "espada de Dâmocles" sobre o agricultor. No seu artigo, mais do que questionar o índice, questiona o que está atrás dele, que é o princípio constitucional de uso social da terra. "Primeiro, garantam a renda e a produção do agricultor" - Pede. Ué, mas não eram os assentamentos que nunca seriam independentes do governo? Não era o MST que vivia nas tetas do Estado? Este artigo desmistifica esta história de que, em termo políticos, de um lado tem o agronegócio, de outro os improdutivos. Há uma relação política e econômica entre as grandes propriedades produtivas e as improdutivas para especulação imobiliária e expansão das fronteiras agrícolas (via desmate, grilagem, trabalho escravo etc...). E que embora sempre defendam em tese a reforma agrária - "Ninguém é contra a reforma agrária, se criteriosa e bem planejada", diz Graziano, sempre serão contra qualquer instrumento que, na prática, se aproxime de implantá-la de verdade, mesmo que apenas em terras improdutivas.

DECLARAÇÕES DE BRINCADEIRA - PARTE 1

Certas declarações são verdadeiro escárnio. Ontem, o presidente Lula disse que se reclama muito dos juros altos no país, mas que o brasileiro "não levanta o traseiro do banco, ou da cadeira, para buscar um banco mais barato. Reclama toda noite dos juros pagos e no dia seguinte não faz nada para mudar".

Dá raiva ouvir isso de um sujeito que durante a campanha repetia constatemente a necessidade de se reduzir a taxa de juros, e que um país nunca iria para frente enquanto rendesse mais a especulação do que o investimento na produção. Uma vez eleito, abdicou da sua responsabilidade e discurso de campanha, orgulhosamente sentando a bunda, e deixando as decisões de juros para o pequeno conclave do Copom, que o mantém na alturas a taxa básica (e por conseqüência, o câmbio sobrevalorizado), sendo a brasileira, de longe, a maior taxa de juros reais do mundo.

Lula na sua declaração finge que o cidadão que está tomando um empréstimo tem o "poder", de como "consumidor" reduzir o que?, meio ponto percentual de um empréstimo? Enquanto seu governo se abdica de decidir e governar a política econômica. Brincadeira.

domingo, abril 24, 2005

CIÚMES DA MUSA

Faz uns dois meses, vi show de Paulinho da Viola no Sesc Pinheiros, no qual apresentou duas músicas novas. Sambas românticos, que cantam aquela dor-de-cotovelo lírica tão própria do autor de "Guardei minha viola". Desde então fiquei pensando que "da Viola" é muito bem casado faz décadas, e continua escrevendo estas letras de dor de amor. A mulher dele não tem ciúme de tanta inspiração, não? Ele fala o que, que é ela a musa das suas canções? "Não vem com essa, Paulo. Eu só te trato bem, estou sempre presente, companheira, mãe dos teus filhos, e você só fala em desilusão, desilusão, dança da solidão? Ainda vem com este papinho que compôs esta cheia de saudade pensando em mim? Confessa, para quem é esta daí hein? Para aquela Neusinha do teu passado que você diz que esqueceu?" Fico só imaginando.

PS: Uma das maiores alegrias da minha curta carreira de jornalista foi ter recebido um telefonema em um bar de hotel, de Paulinho da Viola avisando que não poderia vir e pedindo para marcar a entrevista para o dia seguinte. É muito legal atender o telefone e ouvir "Oi, aqui é o Paulinho da Viola", como se dizer seu nome, com aquela voz bela e calma, não fosse um pleonasmo do conteúdo perante a forma.

JESUS É... TERAPIA OCUPACIONAL?

Em homenagem ao novo papa, estou lançando um projeto de pesquisa artística, teológica e sanitária extremamente relevante por conta de sua natureza inócua e total inutilidade. É o Jesus é...

Participe você também. A proposta é simples. Qual o espaço extremo da liberdade de expressão? A cabine de banheiro públicos, em rodoviárias, lanchonetes, escolas e casas noturnas. Então, cade vez que visitar estes espaços ocupados pela expressão mais pura do que há dentro do ser humano, ao invés de escrever obscenidade, suje a parede simplesmente com Jesus é...(complete). O objetivo é deixar as pessoas completarem livremente, do seu intímo intestinal, o que Jesus é para ela neste momento tão reflexivo da nossa fisiologia. Se é 10, se é tudo, se é o senhor, se é bugrino, se é cagão, se faz boquete etc...Ou mesmo se o pessoal pára com a esculhambação das outras mensagem no entorno, em respeito ao mais famoso judeu-palestino de todos os tempos.

Transformar o banheiro em uma pequena catedral, onde cada um pode confessar seus segredos mais fedidos, cumprir a penitência com papel higiênico e ainda se livrar de tudo simplesmente dando a descarga.

Depois de algum tempo, dias, semanas, meses, como em um exame de fezes, voltar ao mesmo banheiro e recolher, através de foto digital, a amostra da resposta à indagação digna de deixar todos no reservado com a mesma pose do pensador de Rodin...

Eu vou esperar o material deste exame, que pode ser mandado para o meu e-mail. Claro que como não sou bobo e sei que todos tem mais o que fazer, vou esperar sentado. No vaso mesmo.

Microsoft + Monsanto = PT livre, mas transgênico?

Porque o governo federal e o PT atuam com força e no sentido correto na questão dos softwares livres, questionando e enfrentando a Microsoft, e são submissos e aliados da Monsanto na questão dos trangênicos?

A pergunta é válida, porque em ambos os casos tratam-se:

- de setores estratégicos para a economia nacional, com grande impacto na balança de pagamentos (software via pagamento de royalties e exportações de soja sem pagamento de royalties)
- Da apropriação pelo Brasil do conhecimento destes dois setores (genética e software)
- Do princípio da propriedade intelectual X conhecimento. No caso da Microsoft o governo defende a liberdade de fluxo do saber. No da Monsanto, que este, e a soja derivada dele, seja propriedade patenteada da empresa. Através de royalties, é como se a Monsanto se tornasse sócia, dona de uma porcentagem, de toda a produção do país. Além de gerar, com o tempo, um verdadeiro monopólio no setor de sementes e a depêndencia dos produtores. Isso para ficar apenas na discussão econômica, sem falar da ambiental e possíveis riscos à saúde.

Tenho minhas opiniões heterodoxas baseadas em boatos inseguros sobre o porque da amizade PT-Monsanto. Mas no fundo, só levanto este assunto para ver como na era do governo Lula-campo majoritário, a coerência do PT, a sua linha, virou uma imensa bunda de nenê, donde ninguém sabe o que vai sair, e quais são as instâncias de decisão. Obscuridades que geram “posições” inflexíveis, mas que ninguém sabe onde foram engendradas.
Quatro influentes deputados do partido (Luizinho, José Eduardo Martins Cardozo, Jorge Bittar e Nelson Pellegrino), além de José Carlos Aleluia (PFL-BA) e Júlio Semeghini (PSDB-SP), alegremente, vão a Washington, patrocinados pela Microsoft, ver palestras do homem mais rico do mundo, Bill Gates, e do notório mentiroso em sessão da ONU sobre armas no Iraque e ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, Colin Powell. Dizem que não é lobby. Se não for turismo é o que? Pura perda de tempo dos deputados? Pura generosidade da Microsoft?

É lógico que o PT tem ainda um papel a esquerda do centro na política brasileira. Vide São Paulo, onde o partido entrou fundo na lógica nociva das alianças, e ainda assim está a esquerda do PSDB. Mas o PT não é mais esquerda em si mesmo. Não o é mais como partido de fato, coerente. Isso depende de que grupo, pessoa, discurso e política na prática do PT você se refere.Em muitos casos, como em relação às leis trabalhistas, sua posição está, na prática, à direita do que a do discurso do PTB (a ver se na hora H da reforma trabalhista, o fisiológico partido não vai mudar de lado, se não está só cacifando seu passe).

Por um lado, isso gera uma confusão ideológica no cenário político, uma tremenda perda de clareza e orientação para a esquerdas, que tem facilitado tanto uma redução das demandas por mudanças sociais no Brasil quanto à continuação da implantação da agenda de medidas e reformas conservadoras (das micro como liberalização do câmbio e taxa de juros, focalização dos gastos sociais, as macro como autonomia do Banco Central, trabalhista, sindical etc..).

Por outro, cria uma saudável desconfiança e força uma maior maturidade política. Uma volta à atenção ao público acima de uma ilusão redentora partidária(PT)/personalista (Lula). E que a atuação neste público, pela igualdade social e democracia, tem que se pautar pelo próprio, concretamente, tanto com uma visão de fundo quanto com uma prática cotidiana.
Para o PT, minha impressão é que fica um círculo vicioso. Quanto mais o partido perde a identidade e o apoio da esquerda (o que é mantido é na base de acenos de esperança, cooptação e chantagem com a ameaça da direita) mais depende de esvaziar a disputa política, embaralhando e reduzindo as candidaturas adversárias através de alianças cada vez mais amplas. E neste processo mais perde a identidade e distancia a política dos eleitores. Deixa de ser um partido comprometido no combate ao conservadorismo. E cada vez menos cumpre a justificativa da política de alianças: de que esta seria o PT impondo sua agenda aos fisiológicos, que não teriam uma. Na verdade, cada vez menos o PT tem um projeto político claro, o que retorna a questão do começo do texto, e o que permite que a natureza das alianças gire cada vez mais em torno da própria fisiologia. (a ocupação do estado como um valor em si mesmo). Acaba virando, no extremo, linha auxiliar para as próprias oligarquias locais, sendo elas que se aliam ao PT, não vice-versa. Veja o caso Romero Jucá, nesta matéria do Valor Econômico: Acordo para reeleição de Lula esbarra no PT. É o rabo abanando o cachorro, o meio do poder perdendo seus objetivos. Como não é nunca a direita que vai dar o suporte político na prova dos nove o PT (mas sim uma rasteira...), eu acho que a reeleição de Lula ainda é muito possível, mas duvido que o PT vença a eleição em 2010.

sexta-feira, abril 22, 2005

PANTÂNO E O CINEMA COMO LUPA E CASSETETE

Está saindo em DVD O Pântano (La Ciénaga), de Lucrecia Martel. É sensacional. Um filme cuja relação com a crise da classe média argentina lembra a frase de Francis Ford Coppola sobre Apocalipse Now. Não é um filme sobre a guerra do Vietnã. É a guerra do Vietnã.

E é mais do que isso. Chamar de metáfora da crise do nosso vizinho é fácil demais, como bem aponta Ricardo Calil em excelente crítica no nominimo (A ‘buena onda’ argentina 7/04/2005). Permite que digamos "não é conosco". Quando muitas das cenas devem tocar na memória de qualquer latino-americano de classe média, ainda mais falida, entre férias, empregados e negação da realidade (e do trabalho).

Além de ser apenas uma afirmação clichê, porque muito mais do que metáfora, o filme observa com lupa seus personagens. Usa para tanto o recurso mais específico e forte do cinema: o plano. É nele, nas escolhas de ângulo e proximidade, deslizam atuações, cenografia, diálogos e trama, com muito mais força.

Com a combinação destes elementos é um filme de abrangência impressionante que trata das relações familiares, raciais, de classe na américa latina, catolicismo (uma crítica poderosa em dias de novo (velho) papa), de gênero (machismo, homossexualismo), desejo e repressões. O filme não "fala" disso. Ele mostra isso. Articulando na construção das cenas, vários personagens e histórias. Com profundidade nos sulcos do rosto, na atuação física, no figurino etc...De forma tranquila, sem discurso, é o filme que melhor executa, que o faz na síntese da imagem uma das melhores características comuns da buena onda argentina: a relação firme, mas não forçada, nem esquemática, entre a história dos personagens e o contexto social que os cerca. É um dos filmes mais políticos que eu já vi.

O cinema é ilusão por natureza. Mas através desta ilusão, O Pântano alcança um realismo tal, tão violento no ranger das cadeiras arrastadas, que necessita de uma coragem, inteligência e técnica tremenda para serem atingidos. Lucrecia Martel surge como um nome que ainda deve produzir muita coisa boa para o cinema, porque ninguém acerta um alvo deste por acaso. Tanto que Pedro Alomodóvar saiu para produzir seu segundo filme. E se você ainda não viu, saia, alugue o DVD e vá ver o seu primeiro.

PS: O melhor da linguagem cinematográfica demanda atenção de quem assiste, o que é sempre um risco na tela pequena e fora da sala de cinema, com telefone, parentes etc...Proteja-se!

FRASE

Ou no caso, phrase: "All things must end. But all things must be sold?"

quarta-feira, abril 20, 2005

TEORIA E PRÁTICA DO CASO

A representação mais brega e comun da teoria do caos é aquela que diz que uma borboleta bate asas na China, causando um vendaval não sei aonde.

Duas notícias que batem neste fim-de-tarde parecem estar bem mais próximas que a borboleta e o vendaval. O Comitê de Política Monetária (Copom), eleva mais uma vez a taxa de juros do Brasil, que já era a mais alta do mundo, cinco pontos percentuais a mais que a da Turquia, a segunda colocada. Subiu 0,25%, movimento detectado/estimulado por alguns agentes do sistema financeiro, como o Unibanco. Enquanto isso no Equador, Lucio Gutierrez, que chegou ao poder em uma "revolução indígena" de esquerda, cai pelas mãos da mesma esquerda, após traí-la e aprofundar as políticas neoliberais na economia dolarizada do país.
As borboletas, daqui e do Equador, segue tentando sobreviver ao vendaval...

sábado, abril 16, 2005

GRAFITE ESCREVE CERTO POR LINHAS RETAS

- Do caso de ofensa racista de Leandro Desábato ao jogador Grafite, tudo que tenho a dizer é:

- que a atitude do Grafite foi o máximo, tipo 0,7. Concordo que ele deve sofre inquérito e Grafite estava certo em fazer a queixa
- que os jornais Argentinos como o Olé tem que ter noção da realidade e do limite das coisas- que patético o Agnelo Queiroz, ministro dos Esportes, meter o executivo no caso para tirar uma casquinha da repercusssão na mídia. Este sim quis aparecer. Espero que tenha tido a decência de ter consultado o Itamaraty antes, mas duvido
- que a assessoria de imprensa do secretário de Segurança Saulo de Castro Abreu Filho trabalhou em cima da pinta, e que a "alta cúpula de segurança", que fez ele também aparecer em cima da prisão
- que Galvão Bueno atingiu o gozo máximo e objetivo maior de sua carreira - estimular um incidente diplomático com a Argentina, pouco tempo antes de um confronto entre as seleções em Buenos Aires. Preparem-se! Se os argentinos forem espertos e quiserem dar o troco, basta acompanharem a transmissão da partida e o Galvão sairá preso do estádio...

sexta-feira, abril 15, 2005

Eu: EGO, SUPEREGO, ID e HD

O Estado sou eu – disse Luis XIV, monarca absolutista da França. Está em um estado lastimável – disse-me o técnico em computação. Falava do meu HD. Arrematou o diagnóstico: este é péssimo, talvez até de segunda mão, por isso estava lento. Já veio ruim e está piorando a cada dia. Fez bem em trazer. Já está dando problema na memória e você corria risco de ter uma pane geral e perder tudo. Tudo? Tudo.

Tive uma impressão de que falava de mim. O HD sou eu? – perguntei-me Eu I (não acredito em reencarnação...). Sentia-me improdutivo, o tempo rendendo menos que meus colegas, como se menos esperto e capaz. O trabalho e stress acumulando, quase a me dar um pau. Seria mesmo eu, ou a minha extensão, os meus periféricos? Onde acaba um e começa o outro.

A potência do playboy na caminhonete, do músico no amplificador, do soldado no fuzil, do apresentador nas ondas de TV, de qualquer um na amplidão positiva ou profundidade do negativo da sua conta bancária.

Meu ego no HD, minha memória, o que fiz e um tanto do que sou em RAM. Textos políticos, experiências, mensagens de começo e fim de amores. Seriam nossos softwares compatíveis? Ou tem razão e suas últimas atualizações deixaram meu modelo obsoleto e seu CD já não roda mais no meu disco rígido?

Será que no futuro teremos psicanalistas de sistema? “Conte-me mais sobre seu sistema operacional”, pergunta para nós e o laptop, no divã...

O transplante foi um sucesso. O computador passa bem, não houve problemas de rejeição ao novo HD e a memória está de volta, com uma velocidade de quando eu tinha uns 20 anos, com a experiência de 50. Sinto-me mais moço, mais vigoroso. Baixo músicas moderninhas pela web, arranjei uma nova comunidade de amigos no Orkut e coloquei uma foto toda-toda no meu Messenger. Oi, gatinha, sabia que minha conexão a cabo é banda larga? A minha esposa diz que eu estou vivendo a crise da meia idade, que antecede a minha total obsolência programada. E ironizou: acho até que você durou muito, já veio cheio de defeitos de fábrica. Deviam fazer era um recall...Ela anda muito engraçadinha.

Após uma sessão de bate-papo com um monte de gente querida que há tempos não vejo ao vivo desliguei-me, ops, desliguei o computador. E refletido na tela, vi meu próprio rosto. Pensei, sem extensões, arquivos ou conexões.
Eu sou apenas eu.
Confesso que fiquei um pouco assustado.

segunda-feira, abril 11, 2005

A TROCA NA SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA

Emanoel Araújo pediu demissão da SecretariaMunicipal de Cultura, com uma impressionante carta de demissão: "Devolvo-lhe este cargo com uma enorme frustração" . Em um rasgo nas habituais mesuras e críticas-clichês do noticiário de política e cultura, críticas diretas e com conteúdo em José Serra, Claúdia Costin (secretária de Cultura do Estado) e Celso Frateschi (seu antecessor). Mais impressionante ainda foi a rápida e boa escolha de Serra para substituir Araújo. Carlos Augusto Calil é um grande nome para a secretaria de Cultura. Quando se imaginava que o prefeito fosse escolher um nome de dentro do PSDB, escolheu Calil, que chegou na prefeitura no começo do governo Marta, e segue tocando bem o Centro Cultural de São Paulo por três secretários. Com experiência administrativa, inteligência rara e afiada, e conhecimento que perpassam várias áreas da cultura (houve este problema do secretário sempre puxar a pasta para seu setor), não consigo imaginar nome melhor para o cargo. Vamos ver se vai dar certo e ter espaço. Mas Serra emendou bem nesta situação. A Serra o que é dele, né?

DICA DE LEIITURA

Amigo do peito

Texto interessante de Antonio Guilermo García Danglades, publicado noPlaneta Porto Alegre, sobre asmovimentações dos Estados Unidos nos bastidores diplomáticos da Organização dos Estados Americanos, entidade chave para julgar o que é "democracia" no continente, principalmente na Venezuela.

Entre ricos e milionários

O maravilhoso mundo dos serviços bancários para os muito, muito ricos, em matéria interessantíssima do Valor Econômico. Dê uma espiada pelo olho da fechadura e volte para a fila do caixa, que a coisa não é para o seu bico.

domingo, abril 10, 2005

DICAS DE LEITURA

- Pedro Alexandre Sanches é um dos raros jornalistas de cultura que a articula com um projeto e seu papel (causa&conseqüência) social, dentro de um mercado e este de uma sociedade, ao invés de pensar os lançamentos como produtos fechados e isolados de "bom" ou "mau" gosto, apenas para serem consumidos. Isso, mais o gosto pela reportagem e texto o diferenciam bastante. Reportagem sua na Carta Capital desta semana: TROPICÁLIA GIRATÓRIA

- Mário Sérgio Conti em excelente matéria sobre o Principado de Mônaco, e como o glamour esconde lavagem de dinheiro. Uma citação excelente dela: "E porque o capitalismo, estruturalmente, precisa de válvulas de escape, de paraísos fiscais."

Rainier: príncipe do paraíso

- Matéria do New York Times, traduzida na UOL, mostra como o modelo Microsoft de desenvolvimento de software, empurrando novos "produtos" e associados à eles mais "produtos", está velho e obsoleto, comparado aos conceitos de software livre e este setor como prestador de serviço, não vendedor de produtos. Por Randall Stross: Próxima versão do Windows valerá a espera?Fiz uma matéria faz pouco tempo sobre adoção de software livre no setor público para a revista da Fundap (quando estiver no ar, coloco o link aqui...). Algumas pessoas acharam que a matéria pendeu demais para o software livre. Mas: 1) A Microsoft simplesmente ignorou as perguntas encaminhadas à sua assessoria. 2) Na apuração, de fato não achei desvantagens, mas gente que com Windows de graça disse que havia redução de custos com a migração para Linux.



- Eu não concordo em nada com Maílson da Nóbrega, representante do pior conservadorismo financeiro e político. Posto isso, acho interessante ler sua análise, porque burro ele não é, tanto na escolha da pauta quanto na defesa do seu ponto-de-vista, que é o do capital financeiro para quem sua consultoria (Tendências) trabalha. É inteligente, inclusive ao fazer neste texto o senão, e depois fugir da discussão, sobre a sustentabilidade ambiental do modelo neoliberal que defende e ao não apontar a crescente desigualdade no acesso aos bens e serviços, exploração do trabalho, incapacidade (mais desinteresse) de lidar com problemas como as epidemias de AIDS e malária e estímulo à conflitos bélicos, entre outras questões, geradas por este mesmo modelo.

Era o papa anticapitalista?

HERÓI E A TODA PODEROSA CHINA

Herói é um filme impressionante. A mitologia (o filme é uma narrativa de "formação nacional"), a composição visual perfeita, o jogo de cores e versões, as construções de cenas com milhares de figurantes (e efeitos especiais), os personagens sobre-humanos. E o contexto político de forma e conteúdo, por trás de tudo isso, parecem repetir a todo o tempo: "A China vai dominar o mundo, a China vai dominar o mundo". A metáfora pró governo comunista "imperial" e centralizado, pró seu planejamento silencioso e paciente, pró unidade e superioridade chinesa, pró coletivo acima do individual é tão bem feita que faz do filme ao mesmo tempo grande arte e propaganda. Em muitos campos os chineses começam a rivalizar com os norte-americanos. O fato de Herói ter ficado duas semanas em primeiro lugar na bilheteria dos EUA mostra que no cinema eles também começam a chegar lá. Mais sobre os filmes de Zhang Yimou (não vi ainda o "Clã das adagas voadoras") na sempre ótima coluna de Ricardo Calil no nominimo O grande circo chinês no cinema. Mais sobre outro tentáculo do poder chinês no Estado de S. Paulo de hoje, com o pedido de entrada do país no Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID) em Dilema no BID: ter China como sócia. As matérias fechadas para assinantes podem ser pedidas para envio no e-mail chrispiniano@yahoo.com.br

Avaliação do governo Serra na Folha de S. Paulo

Impressionante: Hoje, Marta ganharia eleição de Serra e Início da gestão Serra frustra 70% dos paulistanos, avalia Datafolha
Ontem (09/04) , o Estado de S. Paulo publicou matéria sobre a proposta de renegocição da dívida de São Palo, feita pelo prefeito José Serra ao Ministro da Fazenda, Antonio Palloci. As mudanças representam uma redução de R$11 bilhões no valor da dívida. Após se dedicar sistematicamente a destruir a imagem do governo Marta, Serra parte para uma complexa disputa/negociação com o governo federal. Se a imagem de Marta realmente ficou no chão, parece-me que foi mais por "mérito" próprio da prefeita nos últimos 3 meses do seu governo (e a oposição cerrada da imprensa) . Quanto a Serra, principalmente como mostram os problemas no transporte da cidade, a má imagem de uma não significa boa avaliação do seu governo.
Dado curioso da pesquisa é a melhor avaliação entre os mais ricos. Este era a disputa real na eleição, e é isso que Serra está implantando: um governo de viés elitista (vide o conceito que ele tem de "revitalizar" o centro) para manter as diferenças e delimitar territórios na cidade, além de fustigar o PT, governo municipal passado, federal presente e qualquer um futuro, e servir de plataforma para vôos maiores de Serra.
O problema que a pesquisa Datafolha bem indica é que a prefeitura de São Paulo é um cargo "carregado", como o governo do Rio de Janeiro. Tem tanto problema, encara uma situação de caso tamanho para sua capacidade adminsitrativa, que enterra o futuro de qualquer político, mas se um dia alguém fizer um grande governo sai de lá com chance de até ser presidente.

PS:O Estado noticia também problemas do Secretário Municipal de Cultura, Emanoel Araújo, com Serra. É um dos melhoresnomes apontados pelo prefeito, e vinha tentando equilibrar os problemas de falta de recursos da pasta e negocar com a classe artística. Mais um mal sinal.