segunda-feira, maio 05, 2008

Apenas 41 anos atrás, havia leis contra casamentos inter-racias nos EUA

Hoje morreu Mildred Loving. Quem foi Mildred Loving? Uma mulher negra que teve que entrar na justiça e lutar até a suprema corte para poder casar com um homem branco. Ela não morreu com 100 anos, o que não faria a história mais absurda, apenas mais velha. Ela morreu com 68. Sua ação para acasar aconteceu 41 anos atrás, em 1967. Até então, 17 Estados norte-americanos ainda tinham lei que proibiam e/ou restringiam casamentos inter-raciais.
Quando as pessoas exageram no samba-exaltação dos Estados Unidos, é bom lembrar que uma geração atrás ainda havia esse tipo de lei aberrante no país. Também é bom para refletir que embora tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil existe racismo, ele se manifesta de maneiras e com conseqüências diferentes. O Brasil tem uma miscigenação e uma interação entre as raças que não se compara aos norte-americanos. Em compensação hoje nos Estados Unidos os programas de ação afirmativa e a riqueza geral da própria sociedade perimitu que as condições médias de vida dos negros de lá sejam bem melhores, assim como a ascenção de uma classe média e uma classe alta negras.

Mais sobre Mildred Loving (em inglês) no link abaixo:

http://news.yahoo.com/s/ap/20080505/ap_on_re_us/obit_loving

Marcha da maconha

Surreal o que virou (muito por conta da militância da Globo) as proibições judicias da Marcha da Maconha. A Marcha é um pedido para uma mudança de lei, não a favor do consumo de drogas e é impressionante como uma simples marcha para tirar uma substância que é nociva, claro, mas bem menos nociva que o álcool ou que os custos sociais da sua repressão, das mãos do crime assusta certos setores...Estes, rapidamente assassinaramo direito a livre manifestação política...
Até porque a marcha é o último lugar que alguém iria consumir drogas.
Isso é meio pessoa, mas enquanto certa esquerda cai para o politicamente correto, esse filho bastardo do puritanismo, fico feliz que uma pessoa como Renato Cinco, que conheço faz tempo, siga persistente em um tema que a esquerda adora subestimar (quando não tem posições iguais aos conservadores sobre o assunto)...

"Velhinhos" indo da direita para a esquerda

Dizem que ser de esquerda é coisa de juventude, e conforme se envelhece, se ruma a direita...

A Folha de S. Paulo de hoje traz dois bons artigos na direção contrária. Duas pessoas que não são exatamente (eufemismo) de esquerda, nem são jovens: Bresser Pereira e Gilberto Dupas, escrevem interessantes artigos à esquerda.
Dupas reclama do fim das utopias, quase lamentando as reformas em Cuba e a China capitalista. Bresser Pereira escreve um interessante artigo desancando as elites latino-americanas que condenam de forma simplista polítocs como Fernando Lugo, Evo Morales e Chavez. O de Bresser Pereira é ótimo porque para entender esse tipo de político, ele analisa o tipo de sociedade, elite e oposição que há nesses países. E aponta o dedo de como é uma vergonha que setores no Brasil (vulgo Veja style) "comprem" as bandeiras políticas das retrógradas elites locais.

PS: A proposta de um "Plano Marshall" do Brasil para o Paraguai, envolvendo principalmente o BNDES, mas também a Embrapa e a extensão para o país das culturas de soja e etanol de cana-de-açucar, mais a Petrobras e outras entidades brasileiras, inclusive inicativa privada, mostra como o repertório de ações de integração pode ser muito, mas muito mais rico do que a mentalidade "querm nos tungar" ou "sempre cedemos" de um Guzzo que escreveu na Exame. Esse pessoal é muito tosco e ainda bem que estão mais longe do que nunca do comando e da linha do Itamaraty.






LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA

Governar países pobres


Não há mal no populismo político, condenável é o populismo econômico, ou seja, gastar mais do que arrecadar

A ELEIÇÃO no Paraguai de um candidato de esquerda e nacionalista, Fernando Lugo, é ao mesmo tempo um sinal de avanço da democracia e mais uma indicação do aumento da distância entre as massas e as elites. Entretanto, apesar do aumento da fratura política entre pobres e ricos, estes continuam poderosos, com freqüência aliados a interesses externos, e a probabilidade de os novos governantes lograrem êxito na promoção do desenvolvimento econômico com eqüidade é pequena.
São muitos os obstáculos que os líderes políticos de países pobres enfrentam. Quanto mais pobre é um país, maior será a diferença entre pobres e ricos, menos informada politicamente será sua população, menos organizado será o mercado e mais fraco o Estado. Como a apropriação do excedente econômico não se realiza principalmente por meio do mercado, mas do Estado, a probabilidade de que facções das elites recorram ao golpe de Estado quando se sentem ameaçadas é sempre grande.
Para avaliar a enorme dificuldade em governar esses países, basta comparar os países pobres e os de renda média que elegeram governantes de esquerda. Enquanto na Venezuela, no Equador e na Bolívia tivemos ameaças recentes de golpe de Estado, no Brasil, na Argentina, no Chile e no Uruguai essas ameaças estão ausentes. Quanto mais pobre o país, menos consolidada será sua democracia e mais arriscado e difícil será governá-lo.
Entretanto, como as elites locais dos países mais pobres estão quase sempre associadas às potências externas e às suas elites, o que vemos na imprensa, além das ameaças de golpe, é o julgamento negativo dos seus governantes. Primeiro porque esses governantes são incômodos aos países ricos na medida em que decidem defender os interesses nacionais via aumento dos impostos ou royalties sobre seus recursos naturais (quando não decidem nacionalizar alguns deles). Segundo porque as elites locais se sentem ameaçadas pelo líder político, embora sua prática raramente lhes prejudique.
Terceiro porque as elites dos dois tipos de países insistem em julgar esses líderes de acordo com critérios adequados a países desenvolvidos, em vez de compreenderem que os padrões mais baixos de desenvolvimento político exigem igualmente padrões menos rigorosos de avaliação.
A acusação que resume tudo é que o líder é "populista". De fato, se for realmente um líder, ele será populista, pois populista é o líder político que logra estabelecer um contato direto com o povo independentemente dos partidos e das respectivas ideologias. Ora, na ausência de partidos ideológicos, não há alternativa a esse contato direto. Não há mal, portanto, no populismo político, que é geralmente a primeira manifestação política do povo nos países pobres.
Condenável é o populismo econômico (o Estado ou a nação gastarem mais do que arrecadam), mas, muitas vezes, líderes populistas políticos não são populistas econômicos, pois sabem que precisam cuidar das finanças internas do Estado e das externas da nação para se conservarem no poder.
Em síntese, quando um líder nacionalista alcança o poder, ele enfrenta tantas dificuldades e obstáculos que não há garantia de que a nação que governa será beneficiada, mas, quando suas elites rejeitam seu povo e se associam às elites externas, não há nenhuma dúvida de que a nação estará sendo esquecida, e a democracia, desprezada.


LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 73, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Macroeconomia da Estagnação:
Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994".
Internet: www.bresserpereira.org.br
lcbresser@uol.com.br

quarta-feira, abril 23, 2008

Só o tremor nos une

Hoje estava na sala de casa, quando houve o tremor em São Paulo. Foi rápido. Foi estranho. Até agora não se sabe de nenhum ferido e de nada mais do que algumas rachaduras em prédios. Deixe-me confessar: foi divertido. No último andar de um prédio em um morro, com vista para São Paulo, tudo balançou...É uma sensação bem estranha..."O que fazer?" Sei lá...vamos descer de escada...Saímos e na área comum do andar, diante do elevador, todos os vizinhos (são três apartamentos por andar) estavam lá também. Nos olhamos, confirmamos o tremor (primeiro é quase automático pensar "sóu eu que estou louco?") e começamos a conversar se seria no prédio ou se era um terremoto mesmo...afinal, aqui não tem terremoto...Olhamos na janela e vimos a movimentação - luzes se acendendo, pessoas indo na varanda - nos outros prédios...e conversamos e rimos um pouco do ocorrido.
Meus vizinhos são bem simpáticos e não digo isso só por política de boa vizinhança :) Ainda todos tem bom gosto musical, sempre tem um samba, um chorinho, um jazz para se ouvir antes de pegar o elevador (enquanto aqui de casa sai meus lixos sonoros oitentistas...). Mas nunca tinha acontecido de sairmos todos e conversarmos um pouco, e rirmos juntos um pouco. Mais curioso ainda que no andar não tem nenhuma família propriamente dita, todos adultos...
Depois liguei para a casa dos meus pais, onde ninguém sentiu o tremor, considerações se seria algum problema predial. E aí ele apareceu na TV. Minha irmã ficou irritada de eu ter achado divertido, e seu namorado ficou irritado de ter "perdido" o terremoto em São Paulo, que ele não sentiu...Mas a verdade é que eu estou com um sorriso até agora.
"Faz a gente pensar que é tão frágil"
"Mas é isso mesmo, o que eu posso fazer, por isso que eu rio."
Não deu para explicar para ela, eu mesmo pensei depois, que não fui só eu não, estávamos todos rindo no hall. Em uma noite modorrenta, quando estamos em casa após um dia pesado de trabalho, o tremor inédito quebrou a rotina, foi uma pequena xacoalhda de vida. "Sobrevivemos", podemos dizer com uma pompa auto-irônica. Sobrevivemos ao dia-a-dia, todos os dias, até que um dia não mais. É a vida. Para o bem e para o mal, no seu aspecto mais banal. E é o rasgo contra a banalidade, para o qual não fizemos nada e contra o qual não podemos fazer nada, que vem em um tremor, parecer estranhamente nos fazer sentir mais vivos e menos sozinhos nesse barco que treme.

...

Com licença. A vontade era vê-la do escuro profundo da madrugada em uma estrada vicinal, mas aqui da varanda mesmo já dá para ver a lua cheia linda, que as luzes da cidade grande "apagam" do nosso olhar tão treinado para não ver...

quinta-feira, abril 17, 2008

Efeitos certos e incertos do aumento em meio ponto percentual da Selic

Hoje, o Copom, aquele comitê não eleito e independente que manda no país, aumentou a taxa básica de juros do país em meio ponto percentual. Os juros no Brasil eram de 11,25%, já os maiores do mundo, e agora foram para 11,75%. Vai abaixo uma lista de efeitos certos e incertos desse aumento:

EFEITOS CERTOS

- Aumentar a valorização do real diante do dólar, levando em direção do vinagre cada vez mais rápido a balança comercial e aumentando o déficit em conta corrente. Se o dólar chegar R$ 1,60, talvez compre. Se chegar a R$ 1,50 eu compraria :) Porque isso não costuma a terminar bem.

- Aumentar os lucros dos bancos brasileiros, como o Itaú, com a arbitragem de juros. O que é isso? Os bancos, que foram os mais vigorosos defensores do aumento, tomam empréstimos no exterior pelas taxas americanas, japonesas e européias, convertem em reais e colocam este dinheiro na selic. Ganham duas vezes: com os juros maiores da Selic e com a valorização do real causada pela própria montanha de recurso que trazem para o país. Produzindo nada, ganham fortunas...

- Reduzir os investimentos produtivos, a previsão de crescimento, consequentemente a geração de emprego e melhoras na renda e consumo do trabalhador. Esse é todo o ponto de aumentar os juros, já que visa reduzir a demanda para evitar inflação. Poderia ser feita uma aposta no aumento da oferta, já que a porcentagem de investimento em relação ao PIB vinha aumentando, e as recentes revisões de metodologia de PIB do IBGE desnudaram as quimeras do conceito do "PIB Potencial", que é quanto o país poderia crescer sem gerar inflação. Os economistas tem muito menos domínio disso do que apregoam. Exemplo: as chuvas desse ano deram um pouco mais de folga para as necessidades de investimentos em geração de energia, fator crucial no PIB Potencial. Você acha que os economistas de banco são capazes de calcular o impacto disso no PIB potencial?

- Piorar o perfil dos gasto públicos, e a trajetória da dívida interna. Também a reserva cambial e os custos fiscais da sua manutenção frutos da diferença de rendimento dos papéis onde ela está investida, baixa, com a Selic, alta. É curioso como os "liberais" não se preocupam com isso...

- Ao reduzir renda, crescimento e crédito, aumenta a inadimplência e a dificuldade do trabalhador de fazer frente à real inflação, aquela localizada nos produtos alimentícios. É lógico que por causa do último resto de indexação da economia (os preços das empresas privatizadas que são indexados) isso ia contaminar outros setores...mesmo assim (veja abaixo)



EFEITO INCERTO

- Justamente aquilo pelo qual é apresentado como justificativa: o controle da inflação. Como o aumento interno de juros no Brasil vai afetar os preços internacionais das commodities agrícolas (trigo, arroz, milho etc...) é uma alquimia ainda inexplicada. O BC por causa de um problmea pontual, ao invés de tentar circunscrevê-lo e fazer a economia crescer "cercando-o" e lidando com a demanda através de investimento e aumento da capacidade da produção (não se vê um retorno a cultura inflacionária em nosso país), vai penalizar todo o resto da economia, sem ser capaz de enfrentar a fonte do problema, além do seu alcance. O único efeito indireto disso sobre os preços agrícolas se dará pela apreciação do câmbio (como eles são cotados em dólares, conforme o real se valoriza, tornam-se em relaçoa ao real, menores...). Ou seja, o Brasil se afunda cada vez mais perigosamente em um âncora cambial. Até onde as exportações X importações aguentarão a valorização do real antes dessa bolsa especulativa estourar em uma onda negativa e todos esses capitais vindos de arbitragem saírem correndo jogando o real no sentido contrário, o da desvalorização (e essa, trazendo inflação de importados e preços internacionais, como gasolina)...

- O aumento de juros em um momento em que o Brasil é um dos motores "contra-cíclicos" de crescimento em um mundo afetado por uma crise nos Estados Unidos, pode nos jogar "voluntariamente" dentro dela, acabando com o "descolamento". Se a crise norte-americana impactar o preço das commodities, quanto mais valorizado estiver o real, maior vai ser nossa fragilidade diante da queda desse preço das commodities....

Tradução: onde o BC vê prudência, é exatamente onde eu vejo risco...Mas os agentes financeiros podem sorrir novamente...O país vai voltar a ter que separar uma parte maior da sua renda para ser capturada pelos juros...Financiamentos de imóveis, de carro, de bens duráveis, de infra-estrutura e novas estruturas produtivas volta a ficar mais caro...

É o Copom, a mais eficiente das oposições...

sábado, abril 12, 2008

Um tico de VQP

Não leio mais a Veja. Mas me divirto horrores com seus delírios e suas capas...ontem, ouvi de uma pessoa que jamais soube do meu affair com a revista que a ela perde assinantes semanalmente na casa dos milhares...isso enquanto o país cresce...E de outra que trabalhou anos na editora que a Abril é "podre" e um projeto "maquiavélico". Vamos ser justos...eles tem um know-how em revista e contratam e tratam seus funcionários direitinho...mas eita visãozinha de país tacanha...

Queria chamar a atenção para o começo da matéria de capa dessa semana. Preste atenção na linguagem intrincada, cheia de adjetivos e caraterizações simples, sem personagens, sem fatos, uma estranha pensata... "estapafúrdia"..."oriunda do baú dos ideólogos da esquerda marxista", "visão obtusa e esquemática", "retrocesso na marcha para o socialismo" (onde tem uma marcha para o socialismo...). É engraçado como quanto menos fato, menos informação, mais viagem, a linguagem responde imediatamente, se tornando cada vez mais delirante.

Eu não li a matéria...mas a capa é divertida...quem mais faz propaganda da questão do terceiro mandato é a direita, que hoje tem muito pouco mais o que fazer...Sobre o tema já postei abaixo...(o autor desse blog, as 3 pessoas a que interessar possa, é contra terceiro mandato e mudanças institucionais que beneficiem os próprios ocupantes da cadaeira).
Aliás, vamos fingir aqui que a revista não defendeu um segundo mandato para FHC...mudança para lá de casuísta, tentação messiânica de impedir de qualquer jeito que Lula chegasse ao poder...

ahahaha Acabo de lembrar da resenha do Mario Sabino, dizendo que o livro de FHC seria uma obra fundamental na história do Brasil...Que livro? :)

A tentação messiânica do continuísmo

Por Marcelo Carneiro e Otávio Cabral
É uma idéia estapafúrdia que, volta e meia, reaparece no noticiário político, oriunda do baú dos ideólogos da esquerda marxista e dos parlamentares fisiologistas de qualquer espectro – a de mudar a Constituição brasileira e permitir que o presidente Lula possa concorrer a um terceiro mandato em 2010. Na visão obtusa e esquemática dos ideólogos, a justificativa é que a chegada de um ex-operário ao Planalto representaria o "fim da história", com o povo instalado no poder, e, então, para que fazer eleições? É Lula lá até quando a biologia permitir... Nessa visão, a saída de Lula significaria, assim, um retrocesso na marcha para o socialismo, sendo o terceiro mandato apenas uma etapa para, se tudo der certo, a manutenção vitalícia do companheiro na Presidência da República Popular do Brasil.



Agora, leia a coluna de Diogo Mainardi...olha a delicadeza:

É Créu neles! É Créu nelas!

Dilma Rousseff encolheu. Sua candidatura presidencial durou menos de duas semanas. Foi logo ceifada pelo bando de José Dirceu. Ou pelo bando de Marta Suplicy. Ou por seu próprio bando. Eu, que defendia ardorosamente a candidatura da princesinha do Créu, terei de escolher outro nome do PT. Qualquer um é pior do que ela. Qualquer um tem mais chance de ser eleito.

Fala-se muito sobre a popularidade de Lula. É espantoso que o eleitorado ainda o apóie desse jeito. (grifo meu, morrendo de rir) Mas ninguém contabiliza o ganho que isso pode representar para o futuro. Para proteger a imagem de Lula, todas as maiores figuras do PT foram sacrificadas. E as menores também. Dou um conselho aos mais aflitos: pendurem na parede uma fotografia do primeiro ministério lulista, de 2003. A mortalidade entre seus membros foi maior do que a do politburo de Stalin. A velha-guarda petista sumiu do cenário político. Agora só pode agir às escondidas, nos bastidores. De José Dirceu a Humberto Costa, de Luiz Gushiken a Miguel Rossetto, de Antonio Palocci a – qual era o nome dele? – José Fritsch.
Lula é o Ricardo III de Garanhuns. Só falta a corcunda. E o pé manco.


Lula é Stalin e Ricardo III....de Garanhuns...uau...Os ex-ministros de Lula foram executados? Nossa...O Mainardi é aquele que trabalha no "Saia Justa", não? Nem o Lucas Mendes leva esse cara a sério (pode notar no rosto do pessoal de Nova York :)

sexta-feira, abril 11, 2008

Lula e o efeito massa de bolo...

A popularidade de Lula não se enquadra mais no "efeito teflon" aquele em que as acusações não aderem...

Hoje o presidente é um político "massa de bolo": quanto mais batem, mais cresce...
A oposição, com sua linha de frente formada por "gênios" como Garibaldi Alves, Artur Virgílio e mentores intelectuais do mais alto nível como Carlos Sadenberg e Reinaldo Azevedo, não notou que entrega, cada dia mais, de bandeja para Lula, o "monópolio" da representação simbólica de um projeto nacional...

Repetem o erro da UDN, de achar que só um moralismo (e ainda falso e histérico) chegam a formar um projeto político (quanto mais um nacional).

De certa forma, quem mais quer um terceiro mandato de Lula é a oposição, para lhe dar uma bandeira e confirmar a pecha de "populista" à Lula...
Eu acho que não haverá terceiro mandato, apesar do lobby das "boquinhas" no PT (é da natureza da entidade política partido não querer largar ossos) , e da falta de sucessor com as mesmas características de "harmonizar" (ou escamotear) o contraditório em um país tão desigual, porque

1) Lula tem se provado bem mais esperto que isso...Ele quer sair por cima...Talvez justamente para voltar
2) O que ele próprio ganha com um terceiro mandato? Um tipo de confronto mais direto que ele sempre gostou de driblar em sua carreira política
3) Uma das coisas que eu sinceramente acho das mais legais do Lula é seu caráter bem mais "normal" de auto-ironia, e menos "missionário" do que a maioria dos políticos...Sei que ele só falta falar de si mesmo como enviado de Deus mas ao mesmo tempo, ele tem a típica lógica de querer cair fora, ir fazer o coelho dele, ter umas "férias"...no Lula a mosca azul do poder convive com a vontade de tomar uma caninha e jogar um futebol sem ninguém lhe encher o saco :) Como ele mesmo disse "de fazer aquela receita de coelho". Acho que ele está pensando "já deu, se eu sentir falta é só querer volto em 2014"...que é exatamente o cenário atual...(2014 ninguém sabe ou controla o que será...) .

O sucesso que tem sido a trajetória de Lula é algo que chega a ser surreal...

quarta-feira, abril 09, 2008

Jamais imaginei...eu concordar com o FMI :)

Saiu na Folha de hoje.

Juro alto torna país vulnerável, diz FMI

Para Fundo, taxa alta atrai capital especulativo e valoriza real, prejudicando exportações e elevando vulnerabilidade

Relatório aponta ainda que emergentes têm pouca exposição à crise do crédito nos EUA, mas podem sofrer com desaceleração global

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

No momento em que o Banco Central brasileiro decide sobre novo aumento de juros, o Fundo Monetário Internacional diz que a principal vulnerabilidade do país hoje tem a ver exatamente com a taxa elevada que pratica na comparação com outros países.
Embora enxergue os países emergentes mais bem posicionados para enfrentar as dificuldades da atual crise, o Fundo diz que o Brasil está exposto a distorções e riscos em razão da forte valorização do real, que estaria diretamente relacionada ao juro alto: "A valorização contínua das moedas de alguns países, incluindo o real (...), pode significar um canal de vulnerabilidade caso haja picos de volatilidade no futuro", diz o FMI em relatório sobre a economia global.
O FMI vê o real valorizado principalmente em razão de operações conhecidas como "carry trade". O jargão denomina uma manobra financeira na qual os investidores tomam empréstimos em países nos quais a taxa de juros é baixa e aplicam o dinheiro em outros, onde o juro é bem maior.
Com o ganho, ele não só paga o empréstimo no país onde tomou o dinheiro emprestado como obtém grandes lucros.
As operações de "carry trade" no Brasil vinham concentradas em investidores que tomavam empréstimos no Japão e na Suíça. Agora, os EUA também viraram nova fonte de recursos. Com seu juro básico em 2,25% ao ano, os EUA fornecem dinheiro barato a quem quer arriscar no Brasil, onde o juro básico é de 11,25%. Se o real se valoriza durante a operação, o ganho é ainda maior.
Caso o BC suba ainda mais os juros, para 11,5% neste mês e 11,75% até o final do ano, como alguns no mercado prevêem, essas operações e a pressão sobre o real devem se acentuar.
Essa entrada maciça de dólares atrás dos juros altos derruba a cotação do dólar. Como efeitos colaterais, há uma diminuição da competitividade do setor exportador nacional, principalmente o industrial, e uma progressiva deterioração das contas externas. E, numa turbulência maior, esse dinheiro pode sair rapidamente do país, gerando instabilidade.
O FMI também prevê que uma crise mais permanente na economia dos EUA venha a esfriar toda a economia global, tendendo a atingir os emergentes e os preços das commodities que sustentam suas exportações. E, com o tempo, os saldos comerciais e a balança de pagamentos desses países.
O Fundo pondera, no entanto, que muitos emergentes, especialmente os latino-americanos, têm uma exposição quase nula aos créditos imobiliários de segunda linha nos EUA ("subprime"), epicentro da crise atual. Mas prevê que a desaceleração global possa interromper um ciclo de forte crescimento em operações de crédito entre vários países.
Enquanto no Brasil o volume de crédito cresceu 28,5% em 2007, subiu 51% na Rússia, 37% na Argentina e 72,5% na Venezuela, por exemplo.
Em termos de crescimento, para 2008, o FMI projeta uma alta de 4,4% entre os latino-americanos. Para 2009, de 3,6%. Ambos os percentuais estão abaixo dos 5,5%, em média, dos últimos dois anos (as projeções para o Brasil sairão hoje).
Mesmo para a Ásia, região mais dinâmica do planeta nos últimos anos, houve uma diminuição das expectativas de crescimento. A Ásia emergente crescerá, segundo o FMI, 8,2% neste ano e 8,4% no próximo. Na média dos dois últimos anos, o crescimento foi de 9,7%

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Além disso, acho que a crise americana, que ninguém sabe quanto irá impactar no crescimento global, talvez afete o preço das commodities (alimentos, petróleo, aço etc...), fazendo-as cair. Hoje são as commodities a principal pressão inflancionária, e acho que não é certo que o aumento de juros interno tenha algum poder sobre elas em um momento de forte demanda global. Melhor seria o país se defender através de um aumento de demanda. Outro problema é que os juros altos aumentam a âncora cambial como mecanismo contra a inflação. O que detoria a balança comercial, as exportações, o verdadeiro aspecto "sustentável" do nosso crescimento, que com o câmbio assim logo, logo vão para o brejo...
No cenário econômico mundial, não local, nossa principal proteção é justamente o crescimento econômico. Aumentar os juros aumenta o aspecto especulativo da nossa economia e de tipo de capital que entra no país e nos faz mais vulnerável a crise americana.
De resto, a inflação está muito pouco acima da meta, e os problemas são pontuais...
Um meio termo possível seria simplesmente manter a atual taxa de juros.
Mas o lobby dos bancos brasileiros loucos para ganhar com a arbitragem de recursos já embarcou com tudo nessa e dificilmente irá perder...

terça-feira, abril 08, 2008

Chavez e $$$$

Muito se fala, e mais ainda se falou, de que no governo atual as relações exteriores são "ideológicas", ao buscar a diversificação de relações e o desenvolvimento do eixo "Sul-sul", ao contrário de um pretenso "pragmatismo", voltado a concentrar nossas relações externas em tratados de livre comércio para exportação de commodities para os Estados Unidos e a Europa ("Sul-norte").
Esse aliás era o discurso de Geraldo Alckmin na campanha eleitoral, e ainda é o da Veja, e de um setor do Itamaraty (Rubem Barbosa, Celso Lafer etc...).
Nenhum deles saiu para admitir o erro ou pedir desculpas (claro). A crise norte-americana prova (e até os mercados financeiros elogiam) que a diversificação brasileira que nos torna mais imunes que o México, por exemplo à crise norte-americana. Que porcaria seria um Alca, ou um Tratado de Livre Comércio, onde os norte-americanos nunca concederam nada, em um ambiente desses? Detalhe: as exportações seguiram crescendo e a relação com os países mais fortes não foi abandonada por iniciativas com os demais "Brics" (Brasil, Rússia, Índia e China), na América do Sul ou junto aos países do Oriente Médio e África. Na realidade essa diversidade reforça nossa força de negociação com os próprios países ricos. Vide o caso da formação do G-20 nas negociações da Rodada de Doha, e do embargo da União Européia a carne brasileira, que devido à multplicidade de mercados (obra, claro, não só do governo, mas também das empresas exportadoras) prejudicou apenas a própria União Européia, com inflação da carne.
Esse longo nariz-de-cera é a introdução a uma nota publicada hoje na coluna da Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo. No amplo espaço dado à cobertura do governo Hugo Chávez, a maior parte dele ideológico, esse aspecto tão absolutamente pragmático que pode ser quantificado, e "liberal" porque negóciso, é em geral solenemente ignorado. O governo Chavez é um negocião para o Brasil!



Boca aberta
Uma missão de empresários brasileiros do setor de alimentação, arregimentados pelo Ministério do Desenvolvimento, deve partir ainda neste mês para a Venezuela. Enfrentando uma crise de desabastecimento, o governo Hugo Chávez pediu ajuda ao governo Lula, que vê, por seu lado, oportunidade para aumentar as vendas para o país vizinho. Devem ser convidados empresários dos setores de carne, frango, leite, doces e até biscoito.BOCA 2Na última missão de brasileiros na Venezuela, em dezembro, foram fechados contratos de US$ 660 milhões para a venda de artigos como papel higiênico, carne, leite -e até sêmen bovino. O governo Chávez derrubou impostos para facilitar as importações. Alguns chegaram a cair de 45% para 12%.

Em cinco anos, as vendas do Brasil para a Venezuela dispararam de US$ 500 milhões para US$ 5 bilhões por ano.

quarta-feira, março 26, 2008

Pequena homenagem, grande lembrança

Hoje de manhã soube da morte de Sérgio de Souza, editor da Caros Amigos, e ex-jornalista da mítica revista Realidade. Uma tristeza imensa dessas pessoas boas que vão embora. Tive a sorte de ter contatos profissionais com "Serjão", por conta de uma seção que fazia com vários amigos na Caros, a "República" sobre ensiono superior. Tive um contato mais longo por alguns dias, quando ajudei na edição do especial da revista sobre o Fórum Social Mundial de 2002.

Em um mundo de tanta gente boquirrota, de direita e de esquerda, Serjão me transmitiu nesses poucos contatos a serenidade e generosidade de quem sabe e viveu muito, mas muito mesmo. Era um jeito meio de esfinge, mas que não te devorava com perguntas, ao contrário, te esclarecia com comentários diretos.

Só com muita inteligência e capacidade de trabalho que se consegue levar com todos os problemas que existem, mas seguindo na estrada, uma publicação com a Caros Amigos. Para quem teve mais contato com a revista, sabia que Serjão era sua alma, cérebro e motor.
Engraçado que nesse período todo de contato com ele, não me lembro de encontrar na revista textos seus. Lembro sim de quando me deparei com a foto dele, em uma das Realidades da minha coleção, com um pilão na mão, ao lado de uma negra norte-americana, em uma matéria brilhante sobre a segregação racial nos Estados Unidos, feita em 1968. Era o mesmo Serjão, que com generosidade (não me canso de repetir este adjetivo) e de forma muito direta, nos deu com muita confiança duas páginas semanais na Caros Amigos, que era muito mais do que esperávamos, e que por alguns anos lutamos para que fosse as duas melhores páginas do mundo, movidos a pizza e camaradagem. Olhando para trás, é daqueles poucos que se tornam muitos, que são tudo.
Hoje não consegui ir ao seu enterro, devido as correrias que fazem a vida. Mas deveria ter parado esta tarde.
Alguém que consegue dar sentido para esta profissão maluca só pode mesmo ser especial.

terça-feira, março 18, 2008

O ARROZ DA FESTA

Condoleezza Rice passou pelo Brasil. Dançou em Salvador e, em tese, veio discutir acordos contra o racismo. Estranha visita surpresa e rápida feita ao Brasil e Chile, mas não a Argentina, como bem apontou Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo.
Rice pediu duas coisas:
a) Que o Brasil reconheça as Farc como grupo terrorista
b) Que o Brasil considere que o comabte ao terrorismo é mais importante que a integridade das fronteiras

Desses dois conceitos, tira-se o seguinte A+B= Colômbia, com a assitência, inteligência e coordenação norte-americana, seria autorizada a fazer ações contra as Farc na região fronteiriça do Brasil, Venezuela e Equador.
O que certamente provocaria reações da Venezuela e Equador. E escalaria um conflito entre um aliado dos Estados Unidos e Chavez cheio de petróleo. Quem é que são as "feras radicais" que querem aumentar a tensão na região? Com que propósito?
O Brasil, como aliás deve a América do Sul toda, não caiu nessa.

O governo Bush está no fim e deve querer "encaminhar" suas questões com Iraque, Chavez e o Irã, ambos boas perspectivas de "negócios" no setor de petróleo, armas e morte. A demissão de Willian J. Fallon, do CentCom, o centro de comando das tropas norte-americanas no Pentágono, que era feroz adversário da escalada de tensões com o Irã é sinal disso. mais um é a pressão para aprovar logo o Tratado de Livre Comércio com a Colômbia, que ataria de vez o país a esfera de interesses dos EUA. Outro é a visita surpresa de Dick Cheney ao Iraque, para pressionar a aprovação da nova lei de Hidrocarbonetos no país, escrita pelos norte-americanos, e que vem sendo vendida como "solução" ao "espalhar" a renda do petróleo entre as etnias, mas que na realidade abre mais espaço para o controle da riqueza iraquiana para poucas grande empresas (com o petróleo acima de 100 dólares!!!!), que hoje tem seu acesso direto as reservas de petróleo barrados pelas estatais dos países produtores (PDVSA, Aramco etc...)

Apresentar uma "solução" no Iraque, e escalar tensões em outras partes do globo tem a vantagem de aumentar o tema "segurança" nas eleições norte-americanas, o que privilegia John Mccain, em um momento em que o eleitorado dos Estados Unidos está mais preocupado com o naufrágio da sua economia.

Embora Bush esteja nas últimas, e todos o tomem como um pato não manco, mas sem nenhuma perna, minha impressão é que eles vão querer dar um "fecho de ouro" a obra deles...

PS: Legal que Eliane Catanhede, após anos de matérias ouvindo fontes anônimas no Itamaraty que tinham como objetivo minar gestão Celso Amorim, tenha assim, tanto "vestido a camisa" de fã do ministro, com quem tem feito uma animada dobradinha de entrevistas, colunas opinativas elogiosas e matérias. Não estou dizendo que tenha desonestidade, ou mesmo mau jornalismo em nada disso. É matéria dar insatisfações internas, e a opinião elogiosa atual parece sincera. Só é curioso as voltas que o mundo nunca pará de dar...

segunda-feira, março 17, 2008

O PT não quer a Prefeitura de São Paulo

É a única conclusão possível de duas matérias da internet. Na primeira, Marta diz, publicamente, estar em dúvida se concorre como candidata a prefeita ou se segue no ministério. O que se tira da ministra é que ela concorre a contragosto. A outra é de que Orestes Quércia seria o vice na chapa de Marta, dita pelo presidente do PT, Ricardo Berzoini. A notícia é ótima. Para Kassab, Alckmin, Soninha e Ivan Valente, outros candidatos ao cargo. Basicamente, a presença ostensiva de Quércia joga no lixo a candidatura do PT, e é exemplo de como o PT de São Paulo, e Marta especificamente, jogam fora o que tinham e o que já fizeram de bom.
É uma política que só se sabe pequena. Mara, que ao sair da prefeitura poderia ter mostrado um real apreço e militância pela cidade, no fundo desde que perdeu a eleição, e foi para Paris antes do mandato acabar, tem se mostrado muito aquém do que poderia ser e dos cargos quealmeja. Pena, porque seu governo teve feitos importantes (descentralização, Bilhete Único, Renda Mínima...). Mas Marta (e Rui Falcão) fazem a cada dia se afundar mais e valorizar mais o que su governo teve de pior: não ter completado a transparência das subprefeituras com o Conselho de Representantes, ter se enroscado com o pior do malufismo e dos malufistas, incluindo o próprio e ter cultivado "cobras criadas" como Garreta, José Américo e Favre, enquanto se afastava de Carlos Neder, Nabil Bonduki e Soninha.
Pena, que com isso o conservadorismo paulistano poderá nadar de braçada. Será possível uma outra opção? Não sei, acho que nem Soninha, nem Ivan Valente, embora tenham objetivos nobres, estejam entrando de fato nessa para ganhar. A primeira quer fazer uma campanha de alto nível, para discutir como as campanhas são feitas, e hábitos como o automóvel, que a cidade vai ter que superar. É uma nova esquerda, que enfrenta a desconfiança da esquerda, e se assenta em poucas estruturas sociais, como igrejas e sindicatos. O segundo vai entrar nessa para construir o PSOL em São Paulo, mais ou menos como Plínio de Arruda Sampaio fez na campanha para o estado. E eu acho que o PSOL tem uma posição equivocada em relação ao governo Lula, no mínimo. fora de sintonia com o estado geral, que dificulta tudo. E como Soninha, não tem também estruturas sociais.
Enfim, entre as campanhas de princípio, mas que não buscam viabilidade e a viabilidade sem nenhum princípio, aqui estamos...
Mas quem sabe com Marta queimando a largada, não há espaço para uma dessas alternativas mais animadoras à escolha de Sofia, Kassab ou Alckmin (Sofia, alás, escolheu Alckmin faz tempo...)?
Para Marta e Berzoini, fica a pergunta: se Quércia pode no vale tudo para ter o tempo de TV e a máquina do PMDB ao seu lado, porque não ir direto ao pote de uns 20% e ter Maluf como seu vice? Ué, depois de tudo que eles fazem para nos surpreender, por que não?

PS: Parece que o vice será um "testa-ferro" do Quércia, não o própio...O que não muda nada na essência, mas muda muito na aparência...e o mundo, infelizmente, anda mais para o segundo que o primeiro...

quinta-feira, março 13, 2008

O FIM DO VQP

Veja Q Porcaria? Aquele blog(sic) que "fala mal" da Veja? Caput. Finito. Zéfini. Parrrtiu!

E isso já faz tempo. Aqui é só porque cabe ainda acabar o porque. E lançar uma campanha mais urgente, um verdadeiro puxão de orelha pela liberdade da imprensa no Brasil.

O porque do fim do VQP é porque não tem mais porque. Hoje, a concorrência é grassa, grossa, ruge e urge por aí. Não estamos mais em 2002, e analisar a Veja como exemplo de péssimo jornalismo é tão redundante quanto fazer pipi no rio Pinheiros. E qualquer um teria mais a fazer do que ler, levando a sério (?!?) a “maior revista semanal do país” (cuja tiragem equivale a 0,5% da sua população, é bom lembrar para colocar o que parece grande na sua devida proporção).
Hoje, quando algo sai na Veja, qualquer pessoa que não seja louca vai analisar a matéria para ver se pode ou não ser levada a sério. Nenhuma revista sofre leitura, ou melhor ainda, não-leitura, tão crítica.

Também posso ficar sossegado por conta de duas figuras de proa e convés, que hoje ocupam o espaço de ridicularizar a Veja de maneira mais eficiente do que eu jamais fui capaz. Em ordem alfabética, para não ser injusto, estou falando de Luis Nassif e Reinaldo Azevedo.

O trabalho de ambos é incrível!Para quem tem idade para se lembrar do Nassif da Folha de S. Paulo nos anos FHC, o Nassif do seu blog nos anos Lula é algo que merece ser chamado de “nunca antes nesse país”. Digo isso sem sacanagem. Acho legal. A entrevista dele na Caros Amigos deste mês é ótima, a análise dele sobre blogs, a emergência da classe D na opinião pública, e como idiotas cada vez mais idiotas se sucedem no comando da revista, se nunca escrevi isso já o disse em muitos botecos. O dossiê dele sobre a revista então, excelente. Vale a pena ler. Aliás, acho que a verdadeira razão desse texto é avisar aos amigos de uma vez só que eu sim, estou acompanhando-o, não precisam indicá-lo mais para mim não...

Nassif tem investigado os interesses escusos da revista, além da sua inépcia, que era mais o foco do VQP. Uma obviamente está ligada à outra, e é isso que ele mostra. Dá um google por "Nassif" e "Veja" e leia...

Agora, quem tem mandado bem mesmo em ridicularizar a Veja é Reinaldo Azevedo e seu blog. Essencial. Fantástico o quanto apenas um homem obstinado é capaz de fazer para estigmatizar um veículo de imprensa. Claro o terreno era fértil, adubado. Mas observe, até o Mainardi ficou pequeno após o incrível, educado, polido, roliço, democrático, investigativo, nada conspiratório, prolixo ou egocêntrico blog do Reinaldo Azevedo. Leitura obrigatória para aqueles que querem entender a realidade por meio do método da psicologia reversa aplicado ao pseudo-jornalismo. Basta usar a fórmula matemática de inverter os sinais e dividir pela metade tudo que ele diz que você vai ter uma opinião razoável e equilibrada sobre qualquer assunto.

Agora, respire fundo, que o período é longo, sisudo, mas vamos lá: ao agrupar toda a natureza raivosa e alucinada do mais tosco conservadorismo em um só lugar, e ainda agregar seguidores em torno dele, Azevedo faz o favor de explicitar a dimensão da merda alucinada do conservadorismo a brasileira, em tempo real, o que antes era uma mera hipótese. Lovely!

Gente, o cara ainda é trotskista e está comendo o sistema por dentro, não entenderam? Afinal, só pode ser como piada que alguém defenda a guerra do Iraque e o W. Bush hoje em dia (desculpe Kamel, eu sei que você fala sério, mas é verdade).

Pena que Azevedo jamais terá o reconhecimento que de fato merece. A vida tem dessas mesmo. A direita brasileira jamais vai agradecer a esquerda por essa ter impedido que a paridade do real com o dólar fosse parar na Constituição, como na Argentina, o que faria ainda mais desastrosa a crise de 1999. Ou a privatização completa da Petrobras, o que faria a descoberta de Tupi quase indiferente para o país. E Lula jamais vai agradecer a imprensa que derrubou (na realidade, eles se derrubaram...) Antonio Palocci, José Dirceu e Luiz Gushiken. Com a substituição deles, o governo melhorou muito. É, as vezes ajudamos alguém ao tentar prejudicá-lo e vice-versa.

Mas já estou desviando do assunto, e ainda tem um relacionado a Veja que me incomoda. Desde que soube disso, ocupa a minha cabeça...Uma questão importante, não abordada e fundamental para a liberdade do exercício do jornalismo no Brasil contemporâneo.

O problema é sério. OS JORNALISTAS DA VEJA NÃO PODEM USAR BRINCOS NA REDAÇÃO.

Verdade. Estamos no século XXI, os valores ocidentais da liberdade em permanente ameaça jihadista, e os jornalistas homens da Veja estão privados de se expressarem na redação pendurando adereços decorativos nas suas orelhas, mesmo que discretos.

Incompreensível. Observe, eu entenderia, sem concordar, que não permitissem o uso de brincos ou algo aberrante durante uma entrevista com um chefe de estado conservador, ou em um país onde não fosse costume, mas proibir o uso da jóia no ambiente próprio da redação? Quem liga para isso?

É uma hipocrisia. Fala-se de liberalismo e ataca-se a obrigatoriedade do véu, e não liberam um mero brinquinho...

É uma injustiça. Defende-se a guerra do Iraque, publicam baboseiras e não se pede desculpas, quer para o Brasil a política externa e comercial do México, de tratados de livre comércio com os Estados Unidos. Esta fracassa e a brazuca dá certo e não se dá uma nota. Diz que o final de Fidel Castro é decadente (sem dizer o mesmo do Bush) só porque ele enfim, ficou velho, doente e vai morrer como absolutamente qualquer um (pensando bem, acho que era um elogio, pensavam que era imortal?). Inventam um furo mundial de 40 anos com a tese de que Che Guevara era apenas um psicopata. E nenhuma gratidão?

É isso gente, os jornalistas da Veja, que tantas fazem quando tantas fezes, apesar de tudo são obrigados a tirarem seus brincos no hall do edifício Abril. Será que nada vale aquela noite em que, corajosamente, após todas as redações evacuarem o prédio, fecharam a revista sob o risco de caírem no buracão das obras do Metrô?

Fezes, evacuarem, buracão...este meu texto está um pouco gráfico demais...Mas é impossível não pensar na importância da iniciativa privada ao falar da Veja. E claro, também da descarga.

O que será que existe em um brinco, talvez dois, de tão subversivo? Seria algo simbólico de uma coisa maior? Que neste gesto se encerra algo a mais sobre liberdade de escolha, de opções? Hoje um brinco, quem sabe amanhã pensam e escrevem por si mesmo, tomam outros rumos nas suas vidas ou até questionam as virtudes literárias e jornalísticas do Mario Sabino, e empresariais do doutor Roberto e seus Civita?

Assim não pode continuar!Por isso, o VQP parte definitivamente dessa para muito melhor, deixando esta importante campanha: liberdade para as orelhas dos jornalistas da Veja! Porque liberdade de expressão já é pedir demais...

Grato pela atenção dispensada em todas as encarnações do boletim,
José Chrispiniano

domingo, março 02, 2008

Haverá milkshakes!

Este quadro do Saturday Night Live de uma semana atrás, junta piadas sobre "Sangue Negro", "Onde os fracos não tem vez" e um pouquinho de Juno, no programa "culinário" : I drink your milshake.

Em inglês: http://www.nbc.com/Saturday_Night_Live/video/#mea=221737

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Ladrões trapalhões

A descoberta de que o roubo dos laptops da Petrobrás foi feito por vigilantes da empresa terceirizada de segurança, para vendê-los por valores baixos como meros equipamentos de informática, mostra que a malandragem no Brasil passa por um sério problema de falta de qualificação. Nossos sonhos de chegar ao primeiro mundo dos sofisticados assaltos "geniais", estilo James Bond, mais uma vez foi frustado. Eram meros "pés-de-chinelo" que não sabiam no que estavam se metendo Mais que isso. Nem seriam capazes de lucrar com os dados que valiam milhões. Queriam, só vender um laptopzinho roubado por 1.500 e completar o salário merreca da empresa.
Primeiro foi o MASP. A polícia achou que os quadros estavam no Leste Europeu. Os descobriu na Zona Leste, atrás de cobertores. Nada de gangue internacional genial, meros peões terceirizados que decidiram fazer uma "greve" para cobrar mais. Agora a Petrobras. Não foi governo, nem mega-empresa, apenas um engano que gerou todo esse bafafá. Dá um belo roteiro de comédia de erros e ironias...

domingo, fevereiro 24, 2008

Watchmen em filme

Não sabia que já tinha sido confirmado, e que estava em andamento, a adaptação para o cinema de "Watchmen", que como bem diz o site do UOL, pode ser definido como o "Cidadão Kane" dos quadrinhos de super-heróis. A série, escrita por Alan Moore (mesmo autor de "V de vingança", foi publicada em 1986 e se passa em uma versão alternativa da década de 80, estando intimamente ligada àquele período e a paranóia nuclear da Guerra Fria. Resumindo, é um mundo alternativo, onde existem super-heróis mascarados de verdade, mas tratado com umas espécie de "realismo fantástico" onde os encapuzados são pessoas que acima de tudo, expressam grandes distúrbios de personalidade. A maneira que mescla a linguagem dos quadrinhos com uma narrativa complexa (todos os 12 capítulos avançam a história, mas metade deles focam em flashback um dos seis personagens principais), temas políticos e psicológicos, e os heróis que parodiam figuras famosas dos quadrinhos são o máximo. Câncer, apolicapse, humor negro, metalinguagem e referências de todo o tipo (filósificas, de música pop etc...) pululam na história.

Transformar isso em filme em um desafio. Mas para o qual a indústria norte-americana do cinema avançou muito, após os filmes de HQ virarem um hit e terem grandes orçamentos, e principalmente após Homem-Aranha e X-Men, que mostraram que para fazer bons filmes de HQ é necessário levá-las, por assim dizer, "a sério", tratar aquele universo com respeito. O problema de Watchmen é que não é exatamente uma aventura, mas algo que vai mais na linha de Matrix (o primeiro). Pode dar muito certo, ou muito errado. Pelas imagens divulgadas, o filme vai ser uma adaptação visual bem fiel dos quadrinhos. O site do filme

http://rss.warnerbros.com/watchmen/

O caso secreto entre Agepê e Madonna

Em meados dos anos 80, Agepê e Madonna tiveram um curto mas tórrido caso de amor. Na noite de paixão o sambista chegou para a cantora norte-americana e disse: "Deixa eu te amar, faz de conta que sou o primeiro,na beleza desse teu olhar, eu quero estar o tempo inteiro." Madonna fez de conta. E ficou tão impressionada com o Pê de Age, que realmente sentiu como se ele fosse o primeiro. Bateu a inspiração, ela correu para o instrumento e cantou: "Like a Virgin, touched for the very first time, Like a virgin, with your heartbeat next to mine". As "batidas de coração próximas", aconteceram no chão em que dormiram, após Agepê pegá-la no colo, deitá-la no solo, e fazer dela mulher.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Editorial da Folha contra a Universal

E sua tentativa de intimidar matérias contra a Igreja, através da multiplicação de processos pelo país. A Folha de S. Paulo tem razão e é mesmo um absurdo a postura de intimidação e litigância de má fé promovida pela Igreja Universal do Reino de Deus como tática para proteger seus negócios.

ntimidação e má-fé

BISPOS da Igreja Universal do Reino de Deus desencadeiam, contra os jornais "Extra", "O Globo", "A Tarde" e esta Folha, uma campanha movida pelo sectarismo, pela má-fé e por claro intuito de intimidação.
Em dezembro, a Folha publicou reportagem da jornalista Elvira Lobato descrevendo as milionárias atividades do bispo Edir Macedo. Logo surgiram, nos mais diversos lugares do país, ações judiciais movidas por adeptos da Igreja Universal que se diziam ofendidos pelo teor da reportagem.
Na maioria das petições à Justiça, a mesma terminologia, os mesmos argumentos e situações se repetiam numa ladainha postiça. O movimento tinha tudo de orquestrado a partir da cúpula da igreja, inspirando-se mais nos interesses econômicos do seu líder do que no direito legítimo dos fiéis a serem respeitados em suas crenças.
Magistrados notaram rapidamente o primarismo dessa milagrosa multiplicação das petições, condenando a Igreja Universal por litigância de má-fé. Prosseguem, entretanto, as investidas da organização.
Não contentes em submeter a repórter Elvira Lobato a uma impraticável seqüência de depoimentos nos mais inacessíveis recantos do país, os bispos se valeram da rede de televisão que possuem para expor a pessoa da jornalista, no afã de criar constrangimentos ao exercício de sua atividade profissional.
É ponto de honra desta Folha sempre ter repelido o preconceito religioso. A liberdade para todo tipo de crença é um patrimônio da cultura nacional e um direito consagrado na Constituição. A pretexto de exercê-lo, porém, os tartufos que comandam essa facção religiosa mal disfarçam o fundamentalismo comercial que os move. Trata-se de enriquecimento rápido e suspeito -e de impedir que a opinião pública saiba mais sobre os fatos.
Não é a liberdade para esta ou aquela fé religiosa que está sob ataque, mas a liberdade de expressão e o direito dos cidadãos à verdade.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Inacreditável

Campeonato de enterradas da NBA. Dwight Howard produz duas preciosidades dessa arte. A do "Super-homem" e a em dois tempos, que são simplesmente inacreditáveis, difícil dizer qual é a que choca mais. "Históricas" como o salto de Jordan de trás da linha do lance livre. Curta o show...

Escrever para não ser lido...

É uma estranha contradição. Mas parece que me sinto melhor se tiver a ilusão de que ninguém está lendo o que escrevo. Ao mesmo tempo, porque o ser humano, ao menos este, é algo muito do mal resolvido, o diálogo a partir dos texto é o que os justifica em última análise.

Esse post é porque o descarrego muito ligeiro que eu fiz sobre o filme "Sangue Negro" foi parar na seção de blogueiros independentes da revista Fórum. E que se eu soubesse que era para alguém "de verdade" ler, teria-o feito com mais idéias e cuidados. Desculpa da poltrona, eu sei que você é "de verdade". Mas é só para explicar que com o pouco tempo que tenho para blog isso aqui é rascunho e improviso. Tentativa e erro. Ensaio.
E para que as indicações que antes fazia para amigos, também fiquem a céu aberto...

sábado, fevereiro 16, 2008

Apertem os cintos em Berlim

Enquanto eu escrevia minha bobagens no meu sábado, em um júri presidido pelo Costa-Gravas, "Tropa de Elite" venceu "Sangue Negro" de Paul Thomas Anderson no festival (aliás, ambos da mesma Miramax)...

Para o mundo. Já! Eu não entendo mais nada e quero descer...

:)

Sangue Negro - There will be blood

O novo filme de Paul Thomas Anderson é incrível. Uma obra-prima, com uma atuação de arrepiar de Daniel Day-Lewis como Daniel Plainview, um desbravador de petróleo obcecado e obstinado em fazer fortuna. Tenho que concordar com a crítica da Veja, IsaBela Boscov ( :) ) que o filme traz algo de muito Kubrick nele, nos planos, no uso da música, no cinema trabalhado ora com pouco diálogo, ora com um texto e atuações impressionantes. Os planos são na medida: os amplos para dar conta da ambição e dimensão da empreitada de Plainview, e os closes no rosto complexo e cheio de emoções contraditórias de Lewis. Nos closes, incrível é a cena do batismo de Plainview.

Outra coisa. Faz parte de Sangue Negro ser cinema tão bom por também ser um filme muito, mas muito atual e político. De certa forma, é também sobre Bush. Não de maneira vulgar ou direta. Mas sim de forma inquisitiva, provocadora e radical, no sentido de ir a raiz do tema e dela extrair algo que perdura muito além de Bush e sua gangue. Afinal, o filme traz o conflito entre a competição e a ambição desmedida da busca da riqueza material, aliás a do petróleo, "contra" o fanatismo religioso. Na realidade, a ambição "empreendedora" está em combate com ele, mas também ao lado, usando-o e deixando-se ser usada.

Com apenas 37 anos, Anderson já produziu Magnólia e Boggie Nights, e agora faz talvez seu melhor filme, que ao invés de um painel, mergulha na figura complexa que lhe deu Lewis, um verdadeiro co-autor do filme. É, junto com Tarantino e Gus Van Sant, a grande trinca do cinema americano atual.



PS1: As menções "anti-socialistas" da Veja ao filme, e as tentativas de dizer que de alguma maneira ele engrandece o espírito "empreendedor" são ridículas. O filme respeita a bravura e o código do personagem, está longe de ser maniqueísta ou retratar Plainview como um simples canalha, mas mostra a tragédia deste "espírito capitalista" desmedido.

PS2: O fato de parte da crítica norte-americana se dedicar a bobagens como "não há mulheres no filme"...é inacreditável. Não há mulheres em Dr. Fantástico, do Kubrick, não há mulheres em garimpos, não há muitas mulheres em vestiários de futebol...caramba, são simplesmente mundos masculinos. O que raio isso tem a ver com a obra de arte em si....

PS3: O crítico da Folha Cássio Starling Carlos comparar Paul Thomas com o o outro Anderson, o Wes, ambos como "talentos a serem confirmados"....é ridículo. Wes é um diretor superficial, imaturo e perde seu talento em maneirismos pop, muito, muito, mas muito abaixo da coragem e inteligência de Paul Thomas. Aliás, que criticazinha inútil...

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Siba e a Fuloresta - grande disco

Tentando retomar (ou tomar de verdade pela primeira vez) e achar uns caminhos para este blog entre as dúvidas da cultura, da política, do dia-a-dia. Aproveitando que ele é um espaço realmente vazio para ir dizendo o que quer dizer...entre eles que ouvi hoje rapidamente o novo disco de Siba e a Fuloresta, "Toda Vez Que Eu Dou Um Passo O Mundo Sai do Lugar"" e fiquei impressionado. É uma rara abordagem do tradicional que não soa careta e paternalista. Sem misturar o som tradicional com outros gêneros, consegue fazê-lo soar moderno. E isso de ouvir rapidamente... :)

Quando eu ouvir melhor, se for o caso, comento mais.

Tropa de Elite em Berlim

Terça-feira, Tropa de Elite foi exibido no festival de Berlim. De fato no final o filme manteve a montagem e a narração original do Capitão Nascimento (Wagner Moura). Houve quem falou bem do filme, mas a maioria das reações mostra o desastre no exterior dessa narração e como fora do contexto brasileiro, a natureza simplista e de apologia da violência policial (que é diferente de retratar a violência ou sua apologia) ficam nítidas. Traduzindo: não houve outra montagem, mas dá para entender fácil porque eles pensaram em faze-la.

Particularmente na crítica da Variety, a principal revista de cinema para Holywood. A primeira frase da matéria já "resume tudo":

Brazil’s powerful military police are elevated to Rambo-style heroes in “The Elite Squad,” a one-note celebration of violence-for-good that plays like a recruitment film for fascist thugs.

No link abaixo, a resenha completa.

http://www.variety.com/review/VE1117936168.html?categoryid=31&cs=1

PS: Os muitos comentários brasileiros no blog, que estendem ao coitado do crítico norte-americano o chato debate sobre o filme, são de uma pobreza de dar dó e vergonha...

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Como os conservadores se vêm (positivamente)

De texto de William Kristol, publicado no New York Times no dia 4 de fevereiro, um trecho em que ele coloca os valores pelos quais os conservadores se enxergariam no espelho. Responsabilidade, excelência, auto-sustento, "virtudes", todas coisas positivas. Mas que também como a igualdade, justiça etc... que a esquerda se vê, podem ser distorcidas por intolerância e ideologismos (sem falar da hipocrisia):

"The American conservative movement has been remarkably successful. We shouldn’t take that success for granted. It’s not easy being a conservative movement in a modern liberal democracy. It’s not easy to rally a comfortable and commercial people to assume the responsibilities of a great power. It’s not easy to defend excellence in an egalitarian age. It’s not easy to encourage self-reliance in the era of the welfare state. It’s not easy to make the case for the traditional virtues in the face of the seductions of liberation, or to speak of duties in a world of rights and of honor in a nation pursuing pleasure."

PS: O texto é sobre como os conservadores não podem deixar barato que sua "derrota" interna dentro do Partido Republicano para John Mcain, os faça a não apoiar o "menor dos males" e deixe espaço para os "liberais" Democratas voltarem a Casa Branca.

The Economist e o Bolsa Familia

A The Economist dessa semana traz uma matéria com mais informação, cor local e tratamento balanceado, sobre o Bolsa Família que 90% das bobagens produzidas sobre o programa. Altamente elogiosa, ela desmonta mitos que entraram na cabeça de muita gente por pressão de quem é contra o combate à miséria. São traduzidas dessa maneira: a de que o programa "vicia" ao "dar o peixe e não ensinar a pescar". A de que o programa não tem "portas de saída", e a de que o programa é "caro" e "eleitoreiro". Na realidade, o Bolsa Família só é uma vantagem eleitoral para Lula porque seus adversários o combatem ao invés de adotá-lo como um "consenso" (sic), como Lula fez com a ortodoxia econômica, tirando o "chão" do PSDB. Segue o link para o texto integral (em inglês) e abaixo dele a desmontagem desses mitos.

http://www.economist.com/world/la/displaystory.cfm?story_id=10650663

Despite the early success of Bolsa Família, three concerns remain. The first is over fraud. Because money is paid directly to the beneficiary's debit card, there is little scope for leakage. The question is whether local governments are collecting accurate data on eligibility and enforcing the conditions. Some 15% of municipal councils make the improbable claim that 100% of pupils are in school 100% of the time. Despite this, most of the money does go to the right people: 70% ends up in the pockets of the poorest 20% of families, the World Bank finds.

Second, some people worry that Bolsa Família will end up as a permanent feature of Brazilian society, rather than a temporary boost aimed at changing the opportunities available to the poorest. Whether this happens will depend largely on whether Brazil's public schools improve fast enough to give all their new pupils a reasonable education. Since the scheme began on a large scale only in 2003, it is still too early to tell.

Third, Bolsa Família is sometimes equated with straightforward vote-buying. That is unfair. Luiz Inácio Lula da Silva's name is strongly associated with the scheme—even among some people in Alagoas who are unaware that he is Brazil's president. But their gratitude does not extend to support for his Workers' Party. There are signs that mayors who administer the programme well get a reward at the polls while those who do not suffer. For a relatively modest outlay (0.8% of GDP), Brazil is getting a good return. If only the same could be said of the rest of what the government spends.